Brasil: Expectativas econômicas do consumidor estão estagnadas
18 de dezembro de 2023, Alejandro R. Chavez

Brasil: Expectativas econômicas do consumidor estão estagnadas

Parece que mais brasileiros estão se resignando a parar de poupar e a ter finanças mais desordenadas diante de uma perspectiva econômica estática. É o que sugerem dados do YouGov Profiles: 57,7% dos brasileiros em 2023 afirmam que a sua situação financeira está melhor este ano em comparação com o ano passado. Embora esse número represente um aumento estatisticamente significativo em relação à porcentagem de 2022, ele parece indicar estagnação após a rápida queda e recuperação observadas em 2020 e 2021.

Ao mesmo tempo, a porcentagem de brasileiros que se dizem entusiasmados com seu futuro financeiro, que tentarão ser cuidadosos com suas finanças e que planejam poupar mais no futuro está caindo gradualmente. Há até mesmo uma estagnação perceptível, com uma leve tendência de queda, na porcentagem de brasileiros que se sentem capazes de lidar com uma crise econômica e que se sentem confiantes em relação às suas finanças. Todos esses números podem indicar uma estagnação geral das expectativas econômicas dos consumidores no país.

Também é importante observar que a perspectiva econômica dos brasileiros difere muito entre os diferentes grupos de consumidores. Mulheres e consumidores com mais de 45 anos são os grupos em que observamos o aumento mais substancial na porcentagem de pessoas que acreditam estar financeiramente melhor em 2023 do que no ano passado. Em todos os outros nichos de idade e entre os homens, as porcentagens permaneceram praticamente inalteradas em 2022. Isso sugere que as mulheres brasileiras e os consumidores mais velhos tiveram um ano melhor do ponto de vista financeiro.

Embora o otimismo econômico do Brasil esteja diminuindo e estagnado em relação a 2022, ele ainda se destaca no cenário internacional. De acordo com o YouGov Global Profiles, 59,8% dos consumidores entrevistados no país em novembro deste ano disseram estar confiantes e animados com seu futuro econômico. O número é substancialmente maior do que a média global (51,7%) e também está estatisticamente acima das porcentagens registradas no restante da América Latina (53,3%), América do Norte (53,8%), Ásia (53%), Oriente Médio (53,8%) e Europa (42,1%).

Ao mesmo tempo, o relativo otimismo do Brasil em relação ao futuro da sua economia não se traduz em maior segurança financeira pessoal no curto prazo. Em novembro, apenas 31,7% dos entrevistados no país acreditavam que seriam capazes de lidar com uma súbita desaceleração econômica, bem abaixo da média internacional. E, ao mesmo tempo, apenas 44% dos consumidores do país acreditavam estar financeiramente estáveis, um dos percentuais mais baixos entre os mercados pesquisados.

Finanças domésticas, poupança e investimentos

Embora os brasileiros pareçam cada vez mais pessimistas em relação às suas perspectivas econômicas em nível individual, eles reconhecem que houve uma mudança positiva nas finanças de suas famílias. De acordo com os dados do Profiles, 29,1% dos consumidores do país agora admitem que a situação financeira de sua família melhorou no último mês. Embora o número seja relativamente baixo, ele representa um aumento significativo em relação aos 25,5% registrados nesse mesmo momento, mas em 2022.

Também há mudanças anuais positivas, embora um pouco mais modestas, na perspectiva futura das finanças domésticas e familiares. Apenas 5,7% dos brasileiros esperam que as finanças domésticas piorem nos próximos 12 meses, estatisticamente menor do que os 6,7% que disseram o mesmo em 2022. O número de brasileiros que esperam que a situação financeira da família permaneça a mesma, ou que até melhore, aumentou em comparação com o ano passado, e a porcentagem de brasileiros em situação de incerteza diminuiu.

No entanto, como também é visto em outros países, um obstáculo potencial ao otimismo econômico do Brasil no médio prazo poderia ser a grande lacuna na poupança e nos investimentos. De um modo geral, estes instrumentos financeiros ajudam os consumidores a protegerem-se da inflação e, ao longo do tempo, a acumularem riqueza. Porém, dados do Profiles indicam que a renda do brasileiro influencia muito na decisão de compra desses produtos.

Os consumidores de alta renda (com renda superior a 200% da mediana) são estatisticamente mais propensos a assumirem riscos no mercado de ações. Também é muito mais comum que esses brasileiros procurem maneiras lucrativas de investir e queiram poupar mais do que em 2022, em comparação com as pessoas de baixa renda (que ganham menos de 75% da mediana). O último grupo, por outro lado, parece mais propenso a dizer que é muito arriscado investir. Essas enormes lacunas podem perpetuar o sentimento de pessimismo econômico nos próximos anos.

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Foto por Sidney de Almeida

Metodologia

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.

YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.