11 de outubro de 2023, Alejandro R. Chavez
(Este artigo foi ao ar originalmente em 9 de agosto de 2023)
Nas últimas semanas, especialistas, indicadores e organizações, dentro e fora do Brasil, enviaram sinais contraditórios sobre a situação da economia local. De um lado, a queda das taxas do Banco do Brasil (BB) e o otimismo dos investidores globais refletem o fato de que a situação do país não se degenerou nos cenários pessimistas que alguns especialistas estavam sugerindo no início do ano. Ao mesmo tempo, os recentes aumentos nos Índices de Preços ao Consumidor Semana (IPC-S) e o fato de que os mercados estão céticos em relação ao futuro, refletem que os tempos difíceis ainda não acabaram.
Apesar desse quadro de incerteza, dados do YouGov Profiles sugerem que os brasileiros estão muito mais otimistas em relação à situação econômica do país. De acordo com a plataforma, 57,7% dos entrevistados no Brasil concordam atualmente que estão mais seguros financeiramente do que estavam um ano antes. O número representa uma melhora substancial em relação aos 54,3% que sentiam o mesmo em 2022; uma porcentagem que também é maior do que os 53,5% registrados em 2021.
Esse otimismo também deixou os brasileiros menos apreensivos em relação ao seu dinheiro. Em 2021, sete em cada 10 consumidores disseram que eram mais cuidadosos com suas finanças do que costumavam ser. No ano passado, esse número já havia caído para 68,4%. A tendência continuou em 2023, com 66,8% da população concordando com essa afirmação. Os dados sugerem que, como o ambiente econômico do Brasil parece ser mais favorável, o público geral tem melhores expectativas para o futuro e menos pressão para ser cuidadoso no presente.
Mas, embora o consumidor brasileiro médio se sinta mais confiante em relação à situação da economia, isso não significa que todos os setores da população tenham o mesmo nível de certeza sobre suas possibilidades financeiras.
Por exemplo, apenas 54,4% dos brasileiros com idade entre 18 e 24 anos afirmam estar confiantes e entusiasmados com seu futuro. Isso é estatisticamente menor do que a média nacional de 61% e bem abaixo dos 63% registrados entre os adultos de 35 a 54 anos. Existe uma lacuna semelhante entre brasileiros mais jovens e mais velhos com relação às suas finanças: 45,8% dos adultos com mais de 55 anos dizem acreditar que estão financeiramente seguros, em comparação com 41,5% dos jovens de 18 a 24 anos.
Mesmo quando nenhum dos outros grupos etários se sente particularmente confiante sobre sua capacidade financeira e econômica no curto prazo em relação à população nacional, os brasileiros de 18 a 24 anos tendem a estar bem abaixo da média. Apenas um quarto desses adultos acredita que poderia lidar com uma crise financeira grave, como perder a casa ou ir à falência. Em nível nacional e nos outros segmentos, esse número está muito mais próximo de 33%.
Embora pareça que os brasileiros mais jovens são os que se sentem mais desesperançosos acerca das suas realidades econômicas, a verdade é que quase todas as faixas etárias acreditam que suas vidas diárias pioraram nos últimos anos. Nacionalmente, 44,9% de todos os entrevistados pela Profiles em 2021 disseram estar felizes com seu padrão de vida. O número permaneceu praticamente o mesmo em 2022, mas caiu para 43,5% este ano. A deterioração das condições de vida nos últimos três anos parece muito diferente para cada faixa etária.
Por exemplo, para os jovens de 18 a 24 anos, o padrão de vida caiu acentuadamente entre 2021 e 2022, mas se recuperou este ano. Os brasileiros de 25 a 34 anos, por outro lado, experimentaram a situação oposta: suas condições melhoraram acentuadamente entre 2021 e 2022, apenas para registrar um ajuste para baixo em 2023. Para os brasileiros de 35 a 44 anos, seu padrão de vida permaneceu praticamente inalterado durante o período.
Os adultos com idades entre 45 e 54 anos tiveram uma evolução quase igual à média nacional (estagnação de 2021 a 2022, antes de cair em 2023), mas com ajustes mais acentuados; enquanto os brasileiros com mais de 55 anos viram seu padrão de vida se deteriorar. De modo geral, os dados do Profiles sugerem que as perspectivas econômicas da população brasileira estão um pouco melhores para a população como um todo. Entretanto, isso não se traduz necessariamente em um bom padrão de vida, nem implica que todos os segmentos do mercado estejam vivendo a mesma história.
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Foto por Sidney de Almeida
Metodologia
YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.