Emprego na América Latina (e a comparação com 2022)
8 de fevereiro de 2023, Alejandro R. Chavez

Emprego na América Latina (e a comparação com 2022)

Em todo o mundo, cada vez mais bancos centrais estão tomando medidas agressivas para controlar o rápido aumento dos preços. Entretanto, o incremento das taxas de juros (a ferramenta mais poderosa à disposição dessas instituições para domar a inflação) também pode ter impactos negativos sobre a população em geral, na forma de demissões maciças: uma vez que os consumidores querem comprar menos produtos ou serviços, e os custos operacionais das empresas disparam; manter uma força de trabalho tão grande não faz sentido.

Em uma escala global, este fenômeno de demissões em massa pode ser visto claramente na indústria tecnológica. Grandes empresas do setor, tais como Microsoft, Google, Spotify e IBM cortaram mais de 58 mil vagas recentemente. No mundo todo, essas demissões estão fazendo com que a população em geral tenha medo de perder seus empregos num futuro próximo. De acordo com YouGov Global Profiles, desde setembro passado, quase metade dos entrevistados globais concordaram que estavam preocupados com a direção das suas vidas profissionais.

Na América Latina, a situação é ainda mais delicada. Não só a porcentagem de pessoas preocupadas com o futuro da sua carreira é de 72% (bem acima da média global de 49%), mas a região já era a área com a maior porcentagem de indivíduos desempregados mesmo antes da onda de demissões de 2023. Também nos dados do Global Profiles de setembro passado, 16% das pessoas na América Latina se identificaram como desempregadas (temporária ou indefinidamente), em comparação com uma média global de 10% e quase o dobro da cifra registrada em outros continentes, tais como a Ásia.

A situação, no entanto, parece ligeiramente diferente em cada um dos países da América Latina. Excluindo as pessoas que não estão classificadas como empregadas ou desempregadas (aposentados, estudantes, cuidadores domésticos, etc.), o Brasil tem a segunda maior proporção de empregados pagos em tempo integral na América Latina (53%), de acordo com dados da YouGov Profiles, até janeiro de 2023. Mas a nação ao mesmo tempo tem o maior número de pessoas em desemprego indefinido, quase o dobro da porcentagem da Argentina (26% contra 15%).

A Colômbia está numa posição semelhante à do Brasil: embora sua porcentagem de funcionários em tempo integral seja ligeiramente superior à da Argentina (46% contra 44%), a nação andina tem substancialmente mais funcionários em tempo parcial (32%, contra 22% na Colômbia). Isto significa que, em termos líquidos, Brasil e Colômbia têm uma porcentagem menor de funcionários pagos do que os outros dois países latino-americanos analisados.

Nesta comparação, pode parecer que o México é o país da América Latina em posição mais forte para lidar com a onda de demissões. Entretanto, os dados históricos dos Profiles sugerem que a nação norte-americana enfrenta riscos particulares. Entre janeiro de 2022 e 2023, a porcentagem líquida de funcionários pagos (tanto em tempo integral como em tempo parcial) na Colômbia aumentou de 63% para 68%. Na Argentina, teve incremento de 73% para 76%. No México e no Brasil, no entanto, as porcentagens permaneceram inalteradas.

Além disso, no Brasil, a participação de indivíduos em estado de desemprego indefinido caiu de 28% em 2022 para 26% em 2023. Em contraste, no México, esta proporção aumentou de 8% para 9% no último ano. Estes dados sugerem que o mercado de trabalho mexicano não está mais crescendo (ao contrário da Argentina e da Colômbia) e que os mexicanos que perdem seu emprego a curto prazo são um pouco mais propensos a ficar muito mais tempo sem assumir um novo posto (ao contrário do Brasil, onde o desemprego temporário é mais comum em 2023 do que em 2022).

Também é importante notar que as economias e o status de emprego da Argentina, Brasil, Colômbia e México não são heterogêneos. A maneira pela qual os funcionários pagos (tanto em tempo integral como em tempo parcial) são distribuídos entre as indústrias varia de país para país, e também mudou com o passar do tempo. Por exemplo, no Brasil, 12% dos funcionários remunerados pesquisados pela YouGov a partir de janeiro de 2022 disseram que trabalhavam na área da Educação. Mas hoje, apenas 9% das pessoas com empregos de tempo integral ou meio período na nação sul-americana dizem que trabalham nesse setor. Isto sugere que houve mais demissões do que contratações entre professores, docentes, gestores, etc., no último ano no Brasil.

Do outro lado da moeda, a participação dos empregados argentinos remunerados no setor de manufaturas subiu de 9% em janeiro de 2022 para 11% em janeiro de 2023, sugerindo uma contratação agressiva de trabalhadores nas fábricas argentinas no ano passado. Na Colômbia e no México, não há variações de mais de 1%, para cima ou para baixo, em qualquer setor em particular, o que poderia indicar uma situação mais homogênea nos seus mercados de trabalho.

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Foto por Vithun Khamsong

Metodologia

YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Argentina, Brasil e Colombia são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Os dados de perfis para o México são nacionalmente representativos e ponderados por idade e gênero. Saiba mais sobre o Profiles.