Qual setor foi mais afetado pelos altos preços, de acordo com os consumidores no Brasil?

Qual setor foi mais afetado pelos altos preços, de acordo com os consumidores no Brasil?

Alejandro R. Chavez - 2 de agosto de 2024

De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou uma variação anual acumulada de 4,23% até junho. O nível é bem menor do que os 11,89% registrados no mesmo mês em 2022. No entanto, para muitos brasileiros, isso não significa que o custo dos produtos e serviços tenha diminuído. Na verdade, muitos consumidores ainda estão lidando com altos preços em seu dia a dia, algo que pode estar afetando a imagem de alguns setores.

De acordo com os dados da YouGov BrandIndex, dos 16 grupos setoriais analisados no país, a pontuação de Valor de 12 deles caiu pelo menos ligeiramente entre a população geral do país de 2022 a 2024. Essa pontuação reflete o quanto os consumidores estão satisfeitos com a relação custo-benefício das marcas que compram. Em outras palavras, pode ser um indicador de como os brasileiros estão frustrados com o ambiente de altos preços e como isso afeta a atratividade de várias partes do mercado.

Esse desconforto parece ser particularmente forte no setor automotivo, que inclui fabricantes de automóveis e varejistas de combustíveis. Em média, as marcas desse segmento perderam 2,8 pontos em sua classificação de Valor entre 2022 e 2024. O declínio é grande o suficiente para representar uma tendência de queda estatisticamente significativa durante o período. Quedas semelhantes são observadas nos setores de bebidas, tecnologia, mídia e marcas on-line.

Entre alguns segmentos do público, certos setores conseguiram se beneficiar mesmo em um ambiente de altos preços. Tanto entre os brasileiros que sempre procuram as opções mais baratas quanto entre aqueles que não comprariam sua marca favorita se houvesse uma alternativa mais barata disponível, o setor de produtos para cabelos registrou um aumento significativo em sua classificação média de Valor nos últimos dois anos. O crescimento nesses grupos (consumidores que procuram opções mais baratas e que não comprariam sua marca favorita se houvesse uma mais barata disponível) é maior do que o observado no público em geral.

Mesmo entre os consumidores menos suscetíveis a altos preços, alguns setores conseguiram melhorar sua relação custo-benefício. Tanto entre os brasileiros que não resistem a produtos caros quanto entre aqueles que só compram de marcas conhecidas, a classificação de Valor do setor de cosméticos e cuidados com a pele cresceu substancialmente desde 2022. Em outros nichos e entre a população em geral, sua evolução permaneceu praticamente estável nos últimos dois anos.

No entanto, em cada um dos quatro nichos observados, as marcas de comunicação, tecnologia e mídia estão entre as que mais viram suas classificações de Valor caírem. Isso se aplica tanto aos brasileiros que tendem a preferir produtos e serviços acessíveis quanto àqueles que não têm problemas com (ou até mesmo procuram) opções de altos preços. Isso pode ser um reflexo de uma queda percebida na qualidade dos produtos e serviços oferecidos por essas empresas ao público brasileiro.

O que os brasileiros pensam em relação à sua situação econômica?

Embora os dados da BrandIndex sugiram que os consumidores do país se ressentem dos altos preços em alguns setores, de modo geral, as pessoas no país estão otimistas em relação à sua situação econômica. De acordo com a YouGov Profiles, 58,6% dos adultos pesquisados no Brasil afirmam que sua situação financeira está melhor do que há um ano. Especificamente sobre sua economia doméstica, oito em cada 10 afirmam que ela melhorou ou permaneceu igual à do mês anterior.

Alguns segmentos da população, no entanto, estão sentindo uma melhora em sua situação financeira com mais frequência. Por exemplo, os adultos com idade entre 25 e 44 anos são estatisticamente mais propensos a dizer que suas finanças domésticas melhoraram no último mês, enquanto essa probabilidade é muito menor entre os adultos com mais de 55 anos. Esse otimismo também tende a ser mais comum entre os brasileiros que vivem nas regiões Norte e Nordeste do país.

Esse otimismo se repete no futuro. Os brasileiros com idade entre 25 e 44 anos e os que vivem na região Norte também têm maior probabilidade de dizer que sua situação econômica melhorará nos próximos 12 meses. Olhando para o futuro, as mulheres brasileiras também tendem a ser mais otimistas do que os homens. No entanto, embora tenham observado uma melhora nas finanças domésticas no último mês, as pessoas da região Nordeste são estatisticamente menos propensas a dizer que esperam uma melhora semelhante no ano.

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Foto por Rogerio Peccioli

Metodologia

YouGov BrandIndex coleta dados sobre milhares de marcas todos os dias. A pontuação do Valor das marcas é baseada na pergunta: "Na sua opinião, qual das seguintes marcas representa BOA/INSATISFATÓTIA RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO?" e entregue como uma pontuação líquida entre –100 e + 100. As pontuações são baseadas em uma média de amostra diária de 4594 adultos no Brasil entre 18 de julho de 2022 e 18 de julho de 2024. Os números baseiam-se numa média móvel de quatro semanas. Saiba mais sobre BrandIndex.

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre Profiles.