6 de setembro de 2023, Alejandro R. Chavez
A adesão à cultura bancária na América Latina continua sendo um dos maiores problemas da região. De acordo com dados do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), em 2021, 41,67% dos adultos do continente ainda não tinham acesso a contas bancárias. Embora essa lacuna ainda seja enorme, ela representa um progresso substancial em relação à situação da região em meados da década de 2010. E grande parte desse progresso pode ser atribuída à rápida adoção de serviços bancários on-line.
Essa tecnologia tem sido tão crucial para a bancarização da América Latina que, de acordo com dados do YouGov Global Profiles, a região se tornou líder em serviços bancários on-line em todo o mundo. Entre os consumidores que possuem um smartphone, a América Latina é a região onde os aplicativos bancários móveis são usados com mais frequência: 38,9% dos latino-americanos usam essas plataformas várias vezes ao dia, bem acima da média global de 23,5% e a maior porcentagem de todas as regiões pesquisadas pela ferramenta internacionalmente (excluindo a África do Sul, a única representante do continente africano no Global Profiles).
Os latino-americanos também estão entre os consumidores que passam mais tempo em sites e aplicativos de finanças em todo o mundo: 39,2% usam o telefone diariamente para pagar contas, a maior porcentagem entre as regiões pesquisadas pela Global Profiles; e 28,7% visitam sites e aplicativos de negócios e finanças diariamente, a segunda maior porcentagem regional internacionalmente (atrás dos 41,6% da África do Sul). Isso reflete que, apesar de sua defasagem na penetração bancária geral, a América Latina está realmente se tornando um mercado modelo para serviços bancários on-line em escala global.
Como os latino-americanos estão usando os serviços bancários on-line?
É importante mencionar que, assim como existem diferenças sociais e demográficas importantes na América Latina com relação à bancarização geral, o banco on-line não foi adotado de forma homogênea por todos os consumidores da região. De acordo com a Global Profiles, os latino-americanos que usam o telefone para fazer transações bancárias várias vezes são estatisticamente mais propensos a ser do sexo masculino (50,6% do total), com idade entre 25 e 44 anos (47,9% do total) e casados ou em união civil/estável (51,7% do total).
Os latino-americanos com que aderem aos bancos digitais também estão mais propensos a aprofundar seus laços com o sistema financeiro (48,9% dizem que provavelmente comprarão um produto financeiro nos próximos seis meses, em comparação com apenas 35,5% da população em geral) e a investir (62,6% procuram maneiras lucrativas de investir seu dinheiro, em comparação com 58,9% da média regional). É ainda estatisticamente mais provável que eles se sintam à vontade para gastar dinheiro sem prestar atenção aos preços (35,4% contra 30,1%).
O nível de serviços bancários digitais parece até mesmo mudar a atenção dos consumidores latino-americanos para os esforços de publicidade e marketing. De modo geral, os latino-americanos que usam seus smartphones várias vezes ao dia para acessar serviços bancários on-line tendem a notar anúncios, publicidade e patrocínios mais do que a média regional em todos os canais. Mas o aumento da atenção é muito maior em canais como eventos esportivos e e-mails de marcas.
Diferenças entre os países da América Latina
Embora todos os consumidores da região estejam, em geral, mais familiarizados com serviços bancários on-line do que as pessoas em outras partes do mundo, isso não significa que as pessoas em todos os países da América Latina tenham o mesmo relacionamento profundo com essas plataformas. Pelo contrário, a Global Profiles indica que os brasileiros são os mais propensos a relatar que visitam sites e aplicativos de negócios e finanças diariamente (30,7%). Ainda que a Colômbia e o México também estejam estatisticamente abaixo dessa porcentagem, a Argentina tem a maior diferença em relação ao Brasil: no país, apenas 23,9% da população visita regularmente sites e aplicativos de negócios e finanças.
De fato, em muitos aspectos, os consumidores brasileiros estão impulsionando a posição da América Latina como um dos principais mercados regionais de serviços bancários on-line. Por exemplo, 36,5% dos brasileiros usam seu smartphone todos os dias para tarefas financeiras e bancárias, enquanto outros 47% o usam diariamente para pagar contas.No México, os números são 29,5% e 27,8%; na Colômbia, são 17,8% e 37%; e na Argentina, são 11,2% e 34,7%, respectivamente.
Mas isso não significa que a Colômbia, a Argentina e o México sejam mercados ruins para o banco digital. Seu uso apenas tende a ser mais esporádico. Em todos esses países, a porcentagem de consumidores com smartphones que afirmam usar o dispositivo para acessar seus serviços bancários on-line é maior do que a média global. Porém, na Argentina e no México, eles são estatisticamente mais propensos (em relação à média latino-americana) a fazer login apenas uma vez por dia. E, na Colômbia, mais usuários dizem que fazem login menos de uma vez por semana do que a média regional.
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Foto por seksan Mongkhonkhamsao
Metodologia
YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.