Brasil: Perspectivas de emprego não aumentam em 2023

Brasil: Perspectivas de emprego não aumentam em 2023

Alejandro R. Chavez - 5 de janeiro de 2024

As expectativas de emprego dos brasileiros continuam estagnadas em níveis abaixo dos observados em 2020, de acordo com dados do YouGov Profiles. Três anos atrás, 55,6% dos consumidores adultos do país disseram que se sentiam confiantes em relação a suas perspectivas de emprego e carreira. Hoje, o número é 54%, estatisticamente abaixo da porcentagem em 2020 e também estatisticamente idêntico aos 53,7% registrados em 2021 e 2022.

Naturalmente, essa certeza na esfera profissional é muito mais pronunciada entre os setores da população brasileira com uma posição historicamente mais vantajosa no mundo do trabalho. 55,8% dos homens brasileiros dizem que se sentem confiantes quanto ao futuro de seu emprego este ano, em comparação com 52,3% das mulheres. Por nichos de idade, as pessoas entre 35 e 54 anos são as mais confiantes em relação ao seu futuro nesse contexto, em contraste com os grupos nos extremos da idade adulta (menores de 24 anos e maiores de 55 anos).

No entanto, semelhante ao que está acontecendo em relação às perspectivas econômicas de modo geral, alguns dos grupos mais desfavorecidos obtiveram ganhos significativos entre 2022 e 2023 em termos de otimismo no emprego, ajudando a fechar algumas das lacunas mais importantes. A porcentagem de mulheres, brasileiros com idade entre 25 e 34 anos e adultos com mais de 55 anos que têm uma perspectiva positiva de carreira cresceu ano a ano. Embora a diferença não seja grande o suficiente para ser estatisticamente significativa, ela pode ser uma primeira indicação de uma possível tendência futura.

Qual será a rotatividade de mão de obra em 2024?

O número de brasileiros que estão iniciando suas vidas profissionais, ou que ingressaram em uma nova empresa/organização para avançar na carreira, também pode ajudar a dar uma ideia do que esperar para o mercado de trabalho do próximo ano. No geral, a porcentagem de brasileiros que acabaram de começar a trabalhar vem crescendo de forma constante nos últimos quatro anos (de 3,1% em 2020 para 3,7% em 2023). Por outro lado, a porcentagem dos que planejam começar a trabalhar nos próximos 12 meses caiu em um ritmo semelhante no mesmo período (de 7,4% para 6,3% em 2023), o que pode indicar um nível mais alto de emprego entre os brasileiros mais jovens.

Por outro lado, a percentagem de consumidores que mudaram de emprego no último ano permaneceu estatisticamente a mesma entre 2022 e 2023, em torno de 11%. Entretanto, esse número é maior (em termos estatísticos) do que os níveis de 9% registrados em 2020 e 2021. Isso pode refletir um mercado de trabalho brasileiro mais dinâmico do que nos primeiros dias da pandemia. Porém, como não é feita distinção entre mudar de emprego por causa de demissão ou porque foi encontrada uma oportunidade de emprego melhor, não está claro se esse dinamismo é positivo ou negativo.

O que fica claro nos números dos perfis é que os brasileiros parecem estar se preparando para um mercado de trabalho mais estável. Entre 2022 e 2023, há uma queda estatisticamente significativa na porcentagem de consumidores que planejam mudar de emprego nos próximos 12 meses. Na verdade, isso faz parte de uma tendência constante que começou desde 2020, portanto, pode estar ligada a um cenário econômico mais previsível (embora não necessariamente mais benéfico) no Brasil após a emergência de saúde devido à pandemia da COVID-19.

A vida profissional fica em segundo plano

Parte da razão pela qual as perspectivas de emprego dos brasileiros parecem estagnadas pode estar no fato de que o trabalho não entusiasma mais os consumidores da mesma forma. Em 2020, de acordo com a Profiles, 65,8% dos brasileiros disseram que amavam seu trabalho. Outros 61% disseram que estavam dispostos a sacrificar seu tempo livre para continuar progredindo em suas carreiras. Embora os números ainda estejam em torno do nível de seis em cada 10, eles são estatisticamente mais baixos hoje do que há três anos.

Em 2023, apenas 60% dos brasileiros dizem que amam seu trabalho, uma queda de quase seis pontos percentuais em quatro anos. Quando se trata do número de consumidores no Brasil que ficariam felizes em sacrificar seu tempo livre por sua carreira, a porcentagem atual é de apenas 53,7%, uma queda muito maior, de mais de sete pontos percentuais. E vale a pena observar que esse não é um fenômeno exclusivo de 2023: ano após ano, o percentual de brasileiros em ambas as medidas tem diminuído consistentemente.

Isso pode ser um reflexo de outra visão da vida profissional para os consumidores brasileiros. Sem dúvida, o trabalho continua sendo importante para as pessoas no país. No entanto, é possível que a vida pessoal esteja ganhando mais peso no grupo de coisas que elas priorizam. Isto também poderia explicar tanto a estagnação do otimismo em relação ao futuro do trabalho quanto a maior estabilidade esperada no futuro, sem que isso seja um reflexo da economia em geral.

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Foto por JERO SenneGs

Metodologia

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.