Brasil: O público aceitará o uso de IA no governo?
8 de fevereiro de 2024, Alejandro R. Chavez

Brasil: O público aceitará o uso de IA no governo?

A Inteligência Artificial (IA) começa a dar seus primeiros passos cautelosos nas instituições públicas do Brasil. Desde 15 de janeiro passado, de acordo com a CNN, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou a implementar essa tecnologia em seus processos. Especificamente, um sistema desse tipo será utilizado para combater fraudes em atestados médicos, bem como auxiliar na diminuição das filas de espera. Embora a medida tenha sido anunciada desde dezembro, os consumidores estão dispostos a permitir que a IA se integre dessa forma aos processos governamentais?

Os dados do YouGov Profiles sugerem que a maioria dos brasileiros pode ser contrária a essa medida. No dia 28 de janeiro, 63,6% dos consumidores adultos pesquisados no país concordaram que a implementação e o uso da IA em geral deveriam ser monitorados de perto para evitar que sua aplicação saia de controle. A taxa é estatisticamente mais alta entre os consumidores mais velhos (68,3% entre adultos de 45 a 54 anos e 75,5% entre os maiores de 55 anos).

As mulheres (66,1%) e os brasileiros de renda mais alta (71,4%) também mostram um maior grau de cautela em relação ao uso da IA. Até mesmo diferentes níveis de aceitação da Inteligência Artificial podem ser encontrados com base na localização geográfica dos entrevistados. Os brasileiros que atualmente vivem na região Norte mostram um menor nível de ceticismo em relação à tecnologia, enquanto os entrevistados residentes no Sudeste demonstram um receio maior.

Há também uma boa probabilidade de que os próprios trabalhadores do INSS sejam alguns dos principais críticos da implementação da IA na instituição. De acordo com dados do Profiles, 67,2% dos brasileiros que trabalham em instituições públicas acreditam que é necessário monitorar para que a Inteligência Artificial não saia de controle. Este é o percentual mais alto entre os principais setores de atividade (público, privado e não-governamental) e estatisticamente superior à média nacional.

Além disso, 68,5% dos brasileiros que trabalham no setor legal (também uma parte importante das atividades do INSS) afirmam que é indispensável continuar prestando atenção ao desenvolvimento da IA. Embora não seja a indústria mais cética em relação à Inteligência Artificial (Educação e Serviços médicos e de saúde são muito mais críticos com a tecnologia), ela possui um percentual estatisticamente mais alto do que o registrado para a população em geral.

Existem ainda razões para acreditar que os cidadãos brasileiros que se beneficiam e interagem com o INSS podem agir para ter um maior controle sobre o uso da IA na instituição. Entre os brasileiros que afirmam ser importante ter seguro para tudo (considerando a missão do Instituto, esses seriam os mais interessados em seu correto desenvolvimento), 67,6% concordam que a Inteligência Artificial deve ser cuidadosamente monitorada para evitar que saia de controle.

Além disso, os brasileiros mais motivados a votar, e portanto mais dispostos a exercer pressão diretamente sobre o INSS e o governo para regular o programa de IA, são mais céticos em relação a essa tecnologia do que a média nacional. Segundo o Profiles, 71,8% daqueles que se sentem envolvidos com a política e os políticos afirmam que a Inteligência Artificial deve ser vigiada com cuidado, substancialmente acima dos percentuais registrados para a população em geral e para aqueles que não demonstram particular entusiasmo pela vida política do Brasil.

Ceticismo em relação à IA não reflete rejeição

É importante mencionar que os brasileiros que desejam uma vigilância mais cuidadosa da Inteligência Artificial não pretendem que o uso dessa tecnologia seja completamente descontinuado no país. Pelo contrário, são consumidores que têm mais confiança em seu potencial futuro. Entre aqueles que consideram que a IA deve ser regulamentada para evitar que saia de controle, 67,9% também concordam que a tecnologia é simplesmente o próximo passo natural na evolução.

Dentro desse mesmo nicho do público brasileiro, 69,9% afirmam que a IA eventualmente ajudará na maioria das tarefas humanas. Ambos os percentuais são estatisticamente superiores ao observado na população em geral e entre aqueles que não dão tanto peso à regulamentação dessa tecnologia. Isso reflete que, para esses consumidores conscientes dos riscos da IA, o caminho a seguir não é simplesmente proibir seu uso, mas estabelecer regras claras que capacitem e protejam os cidadãos.

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Foto por INSS

Metodologia

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.