Brasil: Há interesse em comprar com moedas digitais?

Brasil: Há interesse em comprar com moedas digitais?

Alejandro R. Chavez - 7 de junho de 2024

No dia 27 de maio, a Quem Disse, Berenice, marca de beleza e cuidados com a pele do Grupo Boticário, lançou uma proposta inovadora. Em uma transmissão ao vivo com a influenciadora Luiza Parente, a empresa ofereceu aos seus seguidores a possibilidade de comprar seu novo batom com moedas digitais. Especificamente, a marca permitiu que as pessoas usassem as moedas do TikTok, que normalmente são usadas como brindes para streamers, para receber um cupom para comprar o batom com 50% de desconto.

De acordo com os próprios líderes do Boticário, a iniciativa busca atingir a Geração Z e criar um funil de compra, da descoberta à transação, dentro da rede social. A ideia é notável porque, de modo geral, poucos usuários veem plataformas como o TikTok como um lugar para comprar produtos. De acordo com uma pesquisa da YouGov Surveys com consumidores de 17 mercados em dezembro de 2023, apenas 26,6% da população pesquisada usa a mídia social para comprar coisas.

Nesse aspecto, pelo menos para o caso específico do Brasil, a Quem Disse, Berenice? tomou a decisão certa ao escolher o TikTok como a plataforma para realizar essa iniciativa. Segundo dados da YouGov Profiles, pouco mais da metade dos brasileiros (56%) diz preferir comprar coisas on-line a ir a lojas físicas. Mas o percentual é estatisticamente maior entre os usuários do TikTok (61,9%) do que entre aqueles com perfis em sites como Facebook, LinkedIn, Instagram e YouTube.

Aos poucos, o social commerce (comércio social, em português) vem ganhando mais aceitação em escala global, inclusive no Brasil. Portanto, além do uso do TikTok (ou de qualquer rede social) como canal direto de vendas, o mais interessante da ativação da Quem Disse, Berenice? foi o uso de moedas digitais para vender produtos e serviços diretamente ao público em geral. Há relativamente poucos exemplos de uso de tokens 100% digitais para transações financeiras no mercado, fora das criptomoedas.

E esses ainda têm aceitação muito limitada no Brasil. Ainda de acordo com os dados da Profiles, apenas 14,3% dos consumidores do país estariam dispostos a deixar de usar os produtos financeiros tradicionais oferecidos pelos bancos e usar apenas criptomoedas. A porcentagem é muito maior entre os consumidores mais jovens (19,5% entre os que têm de 18 a 24 anos), o que condiz com a intenção do Grupo Boticário de atingir a Geração Z com essa proposta.

Mas, de modo geral, o uso de moedas digitais para transações não parece ser particularmente popular entre os usuários de mídias sociais. Divididos pelo uso de plataformas como o TikTok, os brasileiros mais dispostos a abandonar seu banco em favor das criptomoedas são aqueles que passam menos de uma hora por semana nesses sites (17,8%, contra 15,2% daqueles que passam mais de três horas por dia). Os brasileiros que compraram um produto depois de ver um anúncio nas mídias sociais também estão menos dispostos a usar criptomoedas, pelo menos em comparação com outros consumidores.

Se as marcas quiserem incentivar o uso de moedas digitais nos processos de compras no Brasil, os dados da Profiles sugerem que existem algumas tecnologias adicionais que podem servir para convencer os consumidores a experimentar essas propostas inovadoras. Por exemplo, entre os brasileiros que usariam apenas moedas digitais, 71,2% dizem que gostariam que todas as lojas tivessem aplicativos que facilitassem as compras. A porcentagem é estatisticamente maior do que os 64,8% que dizem o mesmo entre a população brasileira em geral.

Este grupo também está interessado em outras tecnologias que acrescentam outra dimensão à realização de compras, como o uso de Realidade Virtual/Aumentada. 62% dos que só usariam criptomoedas apontam que essas tecnologias poderiam ajudar a testar produtos e serviços antes de comprá-los, bem acima dos 48,5% que diriam o mesmo entre a população em geral. Há uma diferença semelhante entre os entusiastas da moeda digital e o público em geral quando se fala sobre a possibilidade de a Realidade Aumentada tornar as compras mais divertidas.

Mas o maior fator seriam os chatbots: os brasileiros que são entusiastas de criptomoedas têm quase duas vezes mais chances de achar os chatbots úteis em comparação com a população em geral. Nesse contexto, se a Quem Disse, Berenice, O Boticário ou qualquer outra empresa do país quiser explorar ainda mais a integração das moedas digitais em seus negócios, explorar também o uso de apps, Realidade Aumentada e, especialmente, chatbots poderia ajudá-los a consolidar sua estratégia.

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Foto por onurdongel

Metodologia

YouGov Surveys: Serviced fornece resultados rápidos sobre pesquisas de públicos de nicho ou nacionalmente representativos em vários mercados. Os dados se baseiam em pesquisas com adultos de 18 anos ou mais em mais de 17 mercados com tamanhos de amostra entre 501 y 2023 para cada mercado. Todas as pesquisas foram realizadas on-line em dezembro de 2023. Os dados de cada mercado usam uma amostra nacionalmente representativa, exceto México e Índia, que usam amostras representativas da população urbana, e Indonésia e Hong Kong, que usam amostras representativas da população on-line. Aprenda mais sobre YouGoy Surveys: Serviced.

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre Profiles.