Brasil: Plano de redução de preços de automóveis é eficaz?
23 de junho de 2023, Alejandro R. Chavez

Brasil: Plano de redução de preços de automóveis é eficaz?

No começo de junho,o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin, apresentaram oficialmente seu plano de incentivos fiscais para a compra de automóveis. O Governo Federal concederá R$ 1,5 bilhão em incentivos fiscais aos brasileiros que decidirem comprar novos ônibus, carros de carga e carros pessoais nas próximas semanas. Isso, com o objetivo expresso de impulsionar o setor no médio prazo.

Esse programa tem o potencial de beneficiar muitas pessoas. Segundo dados do YouGov Profiles, três em cada 10 pessoas no Brasil afirmam não possuir um carro. O número é estatisticamente maior entre os consumidores de baixa renda (que ganham menos de 75% da média): 33,6%. A nova política de incentivos fiscais também se concentra em veículos avaliados em menos de R$ 120 mil, com maior apoio do governo se as pessoas decidirem comprar modelos mais baratos. Se a isso forem somados os descontos que algumas montadoras já estão implementando, há uma grande oportunidade de impulsionar o setor.

Esse impulso pode ser crucial para que o Brasil fortaleça a tendência de crescimento que já começa a ser observada em seu setor automotivo. Ainda nos dados do Profiles, atualmente mais da metade dos consumidores do país dizem que planejam comprar um carro (novo ou usado) nos próximos 12 meses. Em 2021, esse número era de apenas 48,8% e, em 2022, era ainda menor. De fato, já existem sinais concretos de que o programa teria um enorme impacto no setor: a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que a produção de automóveis tinha aumentado 10,7% em maio passado, em comparação com o mesmo mês de 2022, em antecipação aos incentivos.

As condições incentivarão as compras ou reduzirão a atratividade do programa?

Como mencionado acima, os subsídios que estão sendo liberados pelo governo não são fixos: eles variam de dois mil a oito mil reais, dependendo do tipo de modelo a ser adquirido. Três fatores determinarão a quantidade de dinheiro que será fornecida ao comprador: preço, impacto ambiental e origem do veículo. Isso significa que quanto mais barato for o carro, quanto menos poluente ele for e quanto maior for a proporção de peças e mão de obra fabricadas no Brasil, maior será o cheque que o governo oferecerá para concluir a transação.

Para alguns compradores, isso pode significar a escolha de um modelo diferente daquele que eles queriam para aproveitarem ao máximo o incentivo. Mas os dados do Profiles sugerem que a grande maioria das pessoas no Brasil já considera esses fatores em sua tomada de decisão: dos que planejam comprar um carro nos próximos 12 meses, 73,3% acreditam que os carros elétricos são o futuro do setor, 35,1% dizem que só compram carros fabricados no Brasil e 77,2% sempre verificam primeiro se a versão mais básica e econômica de um modelo tem o que eles precisam. Todos os três números são estatisticamente mais altos do que os da população média do país.

Esses dados sugerem que o programa do governo pode ser muito mais popular do que a administração federal estimou. Agentes como a Anfavea já alertaram que temem que os 500 milhões de reais em recursos reservados especificamente para incentivos a carros particulares não durem os 120 dias em que o apoio está planejado para ser oferecido. Considerando que as condições para oferecer um desconto mais robusto aos consumidores coincidem com as preferências da população, é de se esperar que essas restrições façam pouco para limitar o rápido derramamento de recursos.

Quais carros e marcas estão posicionados para serem os mais populares?

De acordo com os dados do Profiles, entre os brasileiros que possuem um carro, os modelos mais populares são os carros de pequeno porte, como o Nissan March: 19,8% da população proprietária de veículos tem esse tipo de veículo. Outros 17,1% possuem hatchbacks, carros pequenos para toda a família. O terceiro tipo de carro mais popular no Brasil é o sedã médio, projetado para toda a família e com um porta-malas pequeno. Em termos de marcas específicas, o Profiles indica que 19,8% dos brasileiros com carro possuem um Chevrolet, 15,8% possuem um Fiat e 11,1% possuem um Volkswagen.

Mas esses tipos de veículos não serão necessariamente os que atrairão mais a atenção dos consumidores brasileiros como resultado do programa de incentivo do governo. De fato, segundo dados da YouGov BrandIndex, a Hyundai pode ser a montadora que mais se beneficiará com o projeto. Em 8 de junho (os dados mais recentes disponíveis), a marca tinha uma classificação de consideração de 24,7 pontos entre os brasileiros que planejavam comprar um carro nos próximos 12 meses. Essa classificação é 8,3 pontos mais alta do que a pontuação de 16,4 pontos que ela tinha no início do ano, tornando-a a marca que mais cresceu nessa medição entre as montadoras do país.

Abaixo delas estão as rivais Ford, Renault, Volkswagen e Nissan, que melhoraram suas classificações de Consideração entre os brasileiros que planejam comprar um carro no próximo ano em 5.6, 4.9 (para a Renault e a Volkswagen) e 3.5 pontos, respectivamente. Isso sugere que essas cinco marcas são as que estão atraindo mais atenção dos consumidores para sua próxima compra de carro. O que, dadas as condições do programa de incentivo do governo, pode acontecer muito em breve.

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Foto por Oscar Wong

Metodologia

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.

YouGov BrandIndex coleta dados sobre milhares de marcas todos os dias. As pontuações do Consideração das marcas de automóveis se baseiam na pergunta: “Se você está pensando em comprar um veículo ou caminhão, qual das seguintes marcas você compraria?” e entregue como uma porcentagem. As pontuações são baseadas em uma amostra média de 166 adultos no Brasil pesquisados ​​entre 1 de janeiro e 8 de junho de 2023. Os números são baseados em uma média móvel de 10 semanas. Saiba mais sobre o BrandIndex.