Brasil: Quem cuida do meio ambiente nas empresas?
No Brasil, cada vez mais pessoas esperam que os líderes e gerentes empresariais assumam a liderança em questões ambientais. Um relatório recente da Câmara Americana de Comércio (Amcham) Brasil aponta que 82% dos executivos do país esperam que CEOs, presidentes e vice-presidentes assumam a liderança na implementação das práticas tipo ESG no país; entre as quais o combate à mudança climática e a proteção do ecossistema são uma parte crucial.
Felizmente, a questão está na vanguarda das mentes dos executivos e gerentes de alto nível nas organizações. Segundo dados do YouGov Profiles, 61,5% dos diretores nível CEO/ membro da diretoria dizem que se consideram ambientalistas. Esta porcentagem é estatisticamente mais alta do que a média brasileira de 41%, e a mais alta de todos os níveis numa organização. É também mais comum que outros gestores de nível C-Suite, de nível sênior e médio se considerem ambientalistas, do que a média brasileira que trabalha em empresas.
Estes executivos também dizem apoiar tecnologias e sistemas que poderiam ajudar a reduzir o impacto negativo das atividades humanas no meio ambiente: 77% dos CEOs dizem que a energia verde é o futuro, e para quase 8 em cada 10 executivos em outras áreas da C-Suite, os veículos elétricos são a próxima etapa na indústria automotiva. Estas declarações, em primeira instância, parecem indicar um forte apoio às tendências pró-ambientais.
Mas esses mesmos diretores também compartilham alguns pontos de vista que parecem ser contrários aos seus supostos compromissos com o meio ambiente. Por exemplo, 40% dos CEOs no Brasil acreditam que os produtos verdes são apenas uma forma de o governo gerar mais dinheiro, um número substancialmente maior do que os 25,7% da média dos trabalhadores nas empresas. Também 55,3% dos outros executivos no nível C-Suite acreditam que as pessoas se preocupam demais com o meio ambiente, um número também estatisticamente maior do que a média nacional de 43%.
Os gerentes também são inconsistentes com as ações a favor do meio ambiente
Essas inconsistências não existem apenas no nível da declaração. Os principais gerentes do Brasil também não possuem uma atitude consistente em relação a várias ações verdes. 58,7% dos CEOs do país dizem que todos deveriam dirigir (veículos) menos para salvar o meio ambiente, dois terços estariam dispostos a pagar mais por energia sustentável, e seis em cada dez dizem que só compram produtos de marcas social e ambientalmente responsáveis. Todas estas proporções são estatisticamente superiores à média e a mais alta de todos os grupos de trabalhadores.
Ao mesmo tempo, os CEOs são também o grupo que mais frequentemente afirma concordar em que não importa se a energia é verde ou não, desde que seja barata (48,9%, em comparação com o 37,9% da média). Estes mesmos executivos também são os que mais frequentemente dizem que os produtos ecológicos são mais caros, que precisam de ajuda para reduzir o uso de plástico e que custa muito trabalho reciclar (68,5%, 57,9%, e 52,5%, respectivamente).
Estas aparentes inconsistências podem refletir uma visão muito específica da realidade brasileira, o que os motiva a buscar iniciativas verdes, mas não a fazer tudo o que poderiam fazer. Por exemplo, 21,5% dos CEOs no Brasil dizem ter doado para causas de conservação e ambientais nos últimos 3 meses, o maior percentual na divisão para o nível gerencial. Esta é a evidência do seu interesse pela proteção do ecossistema.
Ao mesmo tempo, eles também são os que mais frequentemente (66,7%) concordam em que as grandes empresas estão realmente trabalhando para melhorar seus impactos no ecossistema, a maior porcentagem na análise. Ou seja, eles percebem que as companhias (incluindo presumivelmente aquelas para as quais trabalham) já estão fazendo um bom trabalho no cuidado com o meio ambiente e, portanto, têm uma visão mais neutra sobre a reciclagem, compra de energia sustentável e o uso de plásticos.
Deve-se ressaltar que nenhuma dessas declarações reflete necessariamente o comportamento desses gerentes como representantes e tomadores de decisão dentro das suas empresas. Os consultados pelo YouGov respondem a partir da sua posição como indivíduos, e frequentemente consideram as suas respostas com relação às suas vidas privadas. Mas estas percepções pessoais podem definitivamente estar afetando suas tomadas de decisão no ambiente empresarial, considerando que são os CEOs que mais frequentemente têm poder de decisão sobre questões ambientais dentro de suas respectivas empresas.
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Foto por Daniel Balakov
Metodologia
YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.