Em quais setores é mais provável que os brasileiros com as maiores rendas trabalhem?

Em quais setores é mais provável que os brasileiros com as maiores rendas trabalhem?

Alejandro R. Chavez - 4 de julho de 2024

Os setores jurídico e de TI/telecomunicações são os que parecem oferecer os pagamentos mais altos no Brasil. Isso é sugerido pelos dados da YouGov Profiles, que mostram que 20,7% e 28,1% das pessoas que trabalham nesses setores, respectivamente, recebem rendimentos acima de 200% da média. Ambos os números são estatisticamente mais altos do que a porcentagem de pessoas no país que ganham um nível de renda semelhante (apenas 8%).

Outras características das empresas e organizações para as quais os consumidores no Brasil trabalham também parecem estar ligadas ao quanto eles ganham. Por exemplo, entre os que trabalham em organizações de grande porte (com mais de 100 pessoas na folha de pagamento), 17,6% relatam rendimentos elevados. Isso não só é maior do que a porcentagem registrada em nível nacional, mas também é o dobro dos números obtidos para aqueles que trabalham em microempresas (7,4%) e pequenas empresas (8,6%).

Até mesmo o tipo de organização está estatisticamente relacionado ao nível de salário ao qual os brasileiros aspiram. Nas instituições sem fins lucrativos, apenas 7,6% dos consumidores que trabalham nelas relatam ter renda acima de 200% da média nacional. Nos órgãos governamentais, a porcentagem é estatisticamente maior, 12,4%. Mas o valor mais alto é registrado nas empresas privadas, onde 14% dos entrevistados pela Profiles afirmam ter renda alta.

Nível de remuneração e satisfação no trabalho

O nível de renda percebido pelos brasileiros em diferentes setores e tipos de organizações é relevante porque, novamente de acordo com os dados da Profiles, o nível de renda também tem relação com o grau de satisfação das pessoas com sua vida profissional. Sete em cada dez entrevistados pesquisados pela plataforma que afirmam ganhar mais de 200% da média nacional dizem que amam seu trabalho. Entre os que ganham de 75% a 200% da média, apenas 66,9% gostam de seu trabalho. Entre os que recebem um salário mais baixo, a porcentagem é ainda menor (58,4%).

Os brasileiros de alta renda também são estatisticamente mais propensos a dizer que se sentem confiantes em relação às suas perspectivas de carreira, são mais propensos a estar satisfeitos com seu padrão de vida e dizem que são mais motivados pelo progresso no trabalho do que pelo dinheiro. Essas diferenças estatísticas não se aplicam apenas à porcentagem nacional, mas também quando comparadas às taxas de resposta dos brasileiros que têm uma remuneração mais baixa.

Essa é uma relação que não existe apenas no Brasil e da qual algumas empresas já estão tirando proveito para melhorar suas taxas de retenção de mão de obra. Especificamente, a gigante de móveis e produtos para o lar Ikea investiu agressivamente nos últimos anos para aumentar o salário e os benefícios que seus funcionários recebem, na esperança de reduzir o dispendioso desgaste de talentos. A estratégia permitiu que a taxa de demissão da empresa caísse significativamente em um curto período de tempo.

Em quais empresas no Brasil os consumidores querem ir em busca de trabalho?

A abordagem da Ikea para o problema da retenção de empregos seria relevante para o Brasil, devido à probabilidade de os consumidores mudarem de emprego quando a renda não é tão alta. Em nível nacional, de acordo com a Profiles, 10,9% dos brasileiros mudaram de emprego nos últimos 12 meses, e outros 14% esperam fazê-lo no próximo ano. Mas entre aqueles com renda abaixo de 75% da média, as porcentagens são estatisticamente mais altas (12% e 15,3%, respectivamente).

E, de acordo com a YouGov BrandIndex, algumas empresas e marcas estariam melhor (e pior) posicionadas para lidar com esse problema. Entre mais de 350 produtos e serviços rastreados pela plataforma no Brasil, entre 2023 e 2024, a Nestlé foi a que mais viu sua pontuação crescer entre os brasileiros que mudaram de emprego nos últimos 12 meses, ou que planejam fazê-lo no próximo ano. Durante o período, a marca acrescentou quase 20 pontos à sua pontuação.

A métrica reflete se as pessoas teriam orgulho ou vergonha de trabalhar para as marcas. Ao analisar apenas os brasileiros que mudaram (ou estão pensando em mudar) de emprego recentemente, é possível identificar marcas que, como a Nestlé, estariam se posicionando como um empregador atraente no país. Ou que, como no caso do Instagram (queda de -21,8 pontos no período), podem estar perdendo apelo entre os consumidores em busca de novas oportunidades.

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Foto por Daniel Dan

Metodologia

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre Profiles.

YouGov BrandIndex coleta dados sobre milhares de marcas todos os dias. A pontuação do Reputação das marcas é baseada na pergunta: " Suponha que você estivesse procurando um emprego (ou aconselhando um amigo à procura de um emprego). Em qual das seguintes empresas você TERIA ORGULHO/VERGONHA DE TRABALHAR?" e entregue como uma pontuação líquida entre –100 e + 100. As pontuações são baseadas em uma média de amostra diária de 139 adultos no Brasil entre 20 de junho de 2023 e 20 de junho de 2024. Os números baseiam-se numa média móvel de um ano. Saiba mais sobre BrandIndex.