30 de agosto de 2023, Alejandro R. Chavez
A aceitação da Inteligência Artificial (IA) como parte da vida cotidiana não tem sido homogênea. Em escala global, muitas profissões ainda temem que a tecnologia possa substituir suas atividades em um futuro próximo. Entretanto, a grande maioria das pessoas no mundo concorda que essa é uma inovação inevitável: em dados do YouGov Global Profiles, 55,2% das pessoas em nível internacional acreditam que a IA é apenas o próximo passo na evolução da sociedade. Na América Latina, a confiança na IA é ainda maior, com 56,4% na região.
Mas essa confiança não parece se estender totalmente ao uso específico da IA na Medicina. Nos dados da Global Profiles, apenas 38,9% dos consumidores latino-americanos que cuidam adequadamente de sua saúde acreditam que a tecnologia pode ajudar a resolver todos os problemas da humanidade. Isso é estatisticamente menor do que os 40,9% dos latino-americanos que concordam que não prestam muita atenção à sua situação médica. Traduzidos para o setor médico, esses dados podem sugerir que as pessoas da região que prestam muita atenção à sua saúde podem não estar tão dispostas a aceitar o uso da IA para seus cuidados clínicos e médicos.
Esses não são os únicos dados que parecem sugerir que os latino-americanos interessados pela sua saúde podem estar relutantes em usar a IA na área médica. Esse nicho da população também é estatisticamente menos propenso do que aqueles que não prestam tanta atenção ao seu bem-estar a dizer que a IA é a próxima etapa na evolução da humanidade ou a concordar que a tecnologia muda a vida cotidiana para melhor. Ambas as atitudes refletem mais reticência em relação à tecnologia.
Ao mesmo tempo, também não há uma rejeição explícita do uso da tecnologia em geral e da IA e de sistemas semelhantes entre os latino-americanos que cuidam da sua saúde. Apenas 59,9% dessas pessoas acreditam que devem parar de depender tanto de robôs, em comparação com 63,3% dos latinos que não se preocupam tanto com seu bem-estar físico. E, especificamente sobre Inteligência Artificial, 65% dos consumidores "saudáveis" da região acreditam que essa tecnologia deve ser monitorada para garantir que não saia do controle, um número um pouco abaixo (estatisticamente falando) dos 66,9% dos latinos não saudáveis que compartilham essa opinião.
Em comparação com seus colegas menos interessados em seu bem-estar físico, esses latino-americanos "saudáveis" também são estatisticamente menos propensos a acreditar que é perigoso confiar demais em assistentes digitais (um tipo de IA que está disponível no mercado há anos) ou a se preocupar com o fato de as empresas terem acesso a seus dados pessoais e médicos por meio de dispositivos vestíveis, como smartwatches.
Essa ambivalência pode se dever a dois fatores: primeiro, a cautela em relação ao uso de inovações em um setor tão sensível como o da Medicina e, segundo, vários casos comprovados de uso desses sistemas no setor de saúde (de acordo com o Parlamento Europeu, durante a crise da COVID-19, IA foi usada para detectar possíveis infecções em áreas comuns de tráfego intenso, como aeroportos; melhorar o diagnóstico em pessoas infectadas; e até mesmo prever a evolução de futuras infecções). Em conjunto, os casos de uso, o nervosismo e a incerteza gerados pela IA em geral podem explicar os resultados mistos observados na América Latina.
Tendência marca o movimento em direção ao uso da IA na medicina
Independentemente de os latino-americanos estarem prontos ou não para aceitar o uso dessas tecnologias em seus cuidados com a saúde, os consumidores globais estão cada vez mais abertos à sua aplicação. De acordo com uma pesquisa realizada pela YouGov Surveys em 18 mercados internacionais em abril deste ano, 42% da população global disse que a IA poderia melhorar muito o diagnóstico de doenças e condições médicas. Apenas 18,2% dos entrevistados acreditam que a IA pioraria a situação.
E isso não é tudo: no México, o único país latino-americano incluído no estudo, a porcentagem de pessoas que acreditam que a IA tem o potencial de melhorar o diagnóstico médico foi estatisticamente maior do que a média global (58,1%). Embora o México não seja representativo da região como um todo, ele aponta para o fato de que os latino-americanos provavelmente têm mais interesse do que relutância no uso da IA para fins médicos, mesmo com todas as dúvidas que a Global Profiles revela.
E se a entrada da IA no setor médico depende dos tipos de atividades com as quais os consumidores globais se sentem confortáveis, é possível que esses sistemas tecnológicos comecem a realizar tarefas bastante complexas no trabalho clínico. Enquanto entre um quarto e um terço dos entrevistados pela Surveys globalmente concordariam que a IA realizasse tarefas simples (como monitoramento e análise de dados, transporte de pacientes ou suporte a diagnósticos), mais de 20% deixariam que os robôs se encarregassem de suas cirurgias, prescrições e atendimento de emergência.
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Foto por WLADIMIR BULGAR/SCIENCE PHOTO LIBRARY
Metodologia
YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.
YouGov Surveys: Serviced fornece resultados rápidos sobre pesquisas de públicos de nicho ou nacionalmente representativos em vários mercados. Os dados se baseiam em pesquisas com adultos de 18 anos ou mais em mais de 18 mercados com tamanhos de amostra entre 437 y 2045 para cada mercado. Todas as pesquisas foram realizadas on-line em abril de 2023. Os dados de cada mercado usam uma amostra nacionalmente representativa, exceto México e Índia, que usam amostras representativas da população urbana, e Indonésia e Hong Kong, que usam amostras representativas da população on-line. Aprenda mais sobre YouGoy Surveys: Serviced.