17 de abril de 2024, Alejandro R. Chavez
Em meados de março, o Congresso dos Estados Unidos (EUA) aprovou uma nova legislação que pode impedir as operações da rede social TikTok no país, a menos que a empresa seja vendida para uma empresa americana. Embora a validade a longo prazo do projeto de lei seja incerta, a notícia teve repercussão internacional, e outras regiões (como a Europa) viram novas iniciativas para limitar o uso do app, como também foi feito nos EUA no passado.
Nesse contexto, seria possível que os consumidores da América Latina concordassem, apoiassem ou até mesmo exigissem de suas respectivas autoridades uma ação semelhante contra o TikTok? Os dados da YouGov Global Profiles sugerem que isso seria improvável. Os consumidores latino-americanos parecem ter uma relação mais próxima com a rede social chinesa. Em 19 de janeiro, 37,9% de todos os entrevistados pela plataforma na região disseram que atualmente são membros da rede social.
O número é estatisticamente maior do que a porcentagem registrada para todos os consumidores pesquisados pela Global Profiles nos 48 mercados internacionais que ela observa (27,9%). É ainda estatisticamente maior do que os números registrados na América do Norte (22,6%), Europa (23,7%) e Ásia (27,1%). Além disso, um quinto dos usuários latinos do TikTok passa mais de três horas por semana na mídia social, o terceiro maior número entre as regiões observadas.
Por outro lado, algumas atitudes dos usuários latinos do TikTok sugerem que há uma disposição para regulamentar mais rigorosamente as mídias sociais em geral. Por exemplo, também nos dados do Global Profiles, 75,5% dos adultos latinos pesquisados disseram concordar que os pais devem limitar o tempo que seus filhos passam nessas plataformas. O número é estatisticamente maior do que o observado para todos os entrevistados globalmente (68,8%).
Além disso, menos da metade dos latinos que usam o TikTok (41%) concorda que o governo não deve dizer às empresas privadas de redes sociais como operar. Ao mesmo tempo, é importante observar que os usuários do TikTok na América do Norte são estatisticamente mais propensos a dizer que as autoridades não têm o direito de dizer a essas empresas como conduzir seus negócios. Nesse sentido, a opinião dos consumidores pode não ter muito peso se uma campanha contra a rede social também for considerada na área.
O que poderia influenciar a recepção de tal legislação na América Latina é o quanto os usuários do TikTok usam as mídias sociais em cada país. De acordo com a Global Profiles, na Argentina, Brasil, Colômbia e México, os usuários da rede têm a mesma probabilidade de passar mais de três horas por dia nas mídias sociais (cerca de 20%). No entanto, os mexicanos são mais propensos a passar entre uma e três horas por dia (42,4% fazem isso, contra 38,6% regionalmente) e os brasileiros tendem a responder com mais frequência que usam menos de uma hora por semana (11,7% contra 10,1%).
Perfil do usuário do TikTok na América Latina
Compreender como são os latino-americanos que usam o aplicativo com mais frequência também pode ajudar a entender a probabilidade de eles proporem (ou aceitarem) propostas semelhantes à dos Estados Unidos. De acordo com o Profiles, os usuários do TikTok na América Latina são estatisticamente mais propensos a ser do sexo feminino, com menos de 35 anos (e especialmente mais propensos a ter entre 18 e 24 anos) e a se identificar com a comunidade LGBT+. Eles também têm uma probabilidade substancialmente maior de ter um parceiro solteiro, vivendo juntos ou cada um em sua própria casa.
Embora muitas dessas características sejam verdadeiras em todos os países latino-americanos analisados pela Global Profiles, algumas lacunas são muito mais notáveis. Por exemplo, embora a Argentina tenha menos assinantes do TikTok em geral, a diferença de gênero no nível de consumidores é de mais de 12 pontos percentuais (22,8% homens vs. 34,1% mulheres). Para referência, na Colômbia, a diferença entre homens e mulheres é muito menor (apenas 7 pontos percentuais, 32,1% vs. 39,1%).
Em outros casos, as características mais comuns dos usuários do TikTok diferem quase totalmente da situação na América Latina. Por exemplo, na Colômbia, o grupo estatisticamente mais propenso a usar o app é o de solteiros (38,6% dizem ser membros da rede social). Em contrapartida, os casados ou em união civil nesse país são os menos propensos a ter uma conta (34,2%).
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Foto por Getty Images/Mario Tama
Metodologia
YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.