Latam: A região está comprometida com as energias verdes?
A América Latina pode se tornar uma região líder na luta contra a mudança climática graças a seu grande potencial energético renovável. Em 2022, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estimou que mais da quarta parte da energia primária do continente originalmente veio de energias verdes. E ainda, uma análise recente feita pela Global Energy Monitor apontou que a geração de energia solar e eólica por si só poderia crescer 420% até o final da década.
E não é apenas porque os países da região tenham as condições ideais para a geração de energia limpa em larga escala. Em geral, os consumidores latino-americanos também tendem a estar muito mais conscientes dos riscos da crise climática do que o público em outros lugares. Segundo dados do YouGov Global Profiles, apenas 34,9% das pessoas na região concordam que os indivíduos, em geral, se preocupam muito com o meio ambiente. Isto é estatisticamente inferior à média global de 40,5%, e bem abaixo dos 44% na Ásia e no Oriente Médio, ou aos 48,54% na África do Sul.
O problema é que os consumidores latino-americanos não parecem tão dispostos a abrir mão dos seus recursos financeiros para proteger o meio ambiente. Apenas 41,4% das pessoas na região concordam que pagariam mais por energia sustentável. Isto é superior aos 34,5% na Europa (a região menos comprometida em apoiar a luta contra a mudança climática com seu dinheiro), mas estatisticamente inferior à média global de 44,5%.
Esta relutância em apoiar monetariamente a luta contra a mudança climática também se estende ao apoio a organizações sem fins lucrativos. Apenas 8,3% dos latino-americanos dizem ter doado a grupos ou causas ambientais ou de conservação. O número, novamente, está ligeiramente acima dos 7% de pessoas que o fizeram na Europa e na América do Norte, mas é estatisticamente inferior à média global (de 11,9%) e bem abaixo do percentual na Ásia (onde, apesar de seu aparente desinteresse pelo meio ambiente, 14,5% doaram para essas causas).
Ao mesmo tempo, entretanto, vale a pena notar que quando a atitude não envolve um compromisso financeiro, os consumidores latino-americanos parecem estar mais dispostos do que a média global a tomarem certas ações no contexto da mudança climática. Por exemplo, 61,7% dos entrevistados na região dizem que tentaram usar menos eletricidade para ajudar o meio ambiente (contra 58,4% globalmente). Outros 54,9% concordam que todas as pessoas deveriam dirigir menos para reduzir o impacto negativo das emissões dos automóveis (ligeiramente acima dos 53,7% em nível global).
Qual país está mais comprometido com a transição energética?
Também é importante mencionar que existem diferenças fundamentais entre os países da região em termos de o quanto os seus consumidores estão dispostos a fazer pelo meio ambiente. Por exemplo, México e Colômbia tendem a se alinhar com mais freqüência que Argentina e Brasil em questões de transição energética: as populações mexicana e colombiana são estatisticamente mais propensas a dizer que a energia verde é o futuro e que eles se consideram a favor do meio ambiente, em comparação com argentinos e brasileiros.
México e Colômbia também parecem ser as nações mais preparadas para apoiar as iniciativas de energia verde em termos financeiros. O México, por exemplo, é o país onde mais consumidores (44,1%, contra 41,4% na média regional) dizem estar dispostos a pagar mais por energia sustentável. A Colômbia é o país da América Latina onde mais pessoas dizem ter doado para causas ou organizações ambientais/conservadoras (11,5%, vs. 8,3% na média regional).
É ainda mais provável que as populações mexicana e colombiana tomem ações que não afetem diretamente as suas economias para apoiarem o meio ambiente através de seu uso de energia. 57,5% dos colombianos e 63,8% dos mexicanos dizem que todos deveriam conduzir menos para reduzir o efeito negativo sobre o meio ambiente. Outros 65,8% dos colombianos e 67% dos mexicanos afirmam que reduzem ativamente seu uso de eletricidade como parte da sua luta contra a mudança climática.
Naturalmente, é importante notar que o interesse do consumidor nem sempre se alinha com a realidade energética do país. Na Colômbia, o governo está se alinhando com o desejo do público em geral, investindo fortemente na produção de hidrogênio verde. Porém, no México, o atual governo federal está dobrando seus investimentos em combustíveis fósseis, uma abordagem que lhe rendeu críticas generalizadas de organizações locais e estrangeiras por seu efeito negativo sobre as suas próprias metas de transição energética a longo prazo.
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Foto de Justin Paget
Metodología
YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.