Brasil: A decisão da ANPD afetou as redes sociais?

Brasil: A decisão da ANPD afetou as redes sociais?

Alejandro R. Chavez - 17 de julho de 2024

No dia 26 de junho, duas das principais plataformas de redes sociais no Brasil atualizaram suas políticas sobre o uso de dados pessoais. Especificamente, as mudanças apontaram que as pessoas, ao usarem os aplicativos, permitiam a coleta de suas postagens para treinar sistemas de Inteligência Artificial (IA).

Uma semana depois, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ordenou que a empresa controladora dessas redes sociais suspendesse preventivamente a medida, citando preocupações com a transparência. Embora a decisão tenha sido objeto de recurso, a ANPD manteve sua posição.

Os dados da YouGov BrandIndex sugerem que esses eventos não afetaram negativamente a percepção dos brasileiros sobre o setor de redes sociais. Entre o público em geral, a pontuação média de Buzz de todas as plataformas do setor rastreadas no país, na verdade, aumentou entre 23 de junho e 4 de julho (os últimos dados disponíveis). Essa métrica reflete se as pessoas ouviram recentemente coisas positivas ou negativas sobre as marcas em notícias, canais digitais ou conversando com conhecidos.

A pontuação de Buzz do setor também parece ter aumentado ligeiramente durante o período entre os brasileiros que estão preocupados com o desenvolvimento da IA. Entre os que estão entusiasmados com o futuro da tecnologia, a classificação média das redes sociais permaneceu praticamente a mesma. Somente entre as pessoas que trabalham no setor de tecnologia e telecomunicações - um dos setores mais envolvidos na adoção, no desenvolvimento e na experimentação de sistemas de IA - há um movimento descendente.

Os dados da BrandIndex também mostram que as decisões da ANPD não tiveram um efeito substancial sobre a imagem do setor entre a grande maioria dos brasileiros. Entre 4 de junho e 4 de julho, as classificações médias de Reputação, Impressão e Cliente atual de todas as redes sociais analisadas permaneceram praticamente inalteradas entre o público em geral. Exatamente a mesma situação é observada tanto entre os que temem quanto entre os que estão entusiasmados com a IA.

A métrica Reputação mede se as pessoas teriam vergonha ou orgulho de trabalhar para as marcas observadas. A classificação Impressão reflete se as pessoas têm uma imagem geral positiva ou negativa das empresas e de seus produtos e serviços. O Cliente atual mostra quantos brasileiros usaram suas plataformas recentemente. Em outras palavras, as decisões da ANPD e sua cobertura na mídia não parecem ter criado uma aversão generalizada ao setor.

Entretanto, o mesmo não pode ser dito dos brasileiros que trabalham no setor de tecnologia e telecomunicações. Em todas as três métricas, pode-se observar uma grande queda na pontuação entre 4 de junho e 4 de julho. E na classificação Impressão, a queda é alta o suficiente para representar uma tendência de queda estatisticamente significativa. Mas é importante observar que, de acordo com a YouGov Profiles, apenas 5,1% da população adulta trabalha nesse setor.

Qual é o grau de interesse em IA dos usuários brasileiros de redes sociais?

De modo geral, de acordo com a YouGov Profiles, o uso mais intenso das redes sociais está relacionado a um maior interesse em inteligência artificial. Em 7 de julho, 61,8% de todos os adultos brasileiros pesquisados disseram que a tecnologia era o próximo passo na evolução. A porcentagem, no entanto, é estatisticamente maior entre as pessoas que usam as redes sociais mais de três horas por dia: 64,5%.

É mais provável também que os brasileiros que mais usam as redes sociais digam que estão interessados nos mais recentes produtos e serviços de tecnologia. Em comparação com o público em geral do país, eles são estatisticamente mais propensos a acreditar que a IA ajudará os humanos na maioria de suas tarefas diárias no futuro (64,2% vs. 62,3%, respectivamente). Por outro lado, é menos provável que eles digam que não entendem as decisões que os computadores tomam (22,2% contra 24,1% em nível nacional).

É interessante notar que o simples uso das mídias sociais não torna os brasileiros mais abertos à IA e às suas possibilidades futuras. De acordo com a Profiles, as pessoas que usam as redes sociais menos de uma hora por semana são menos propensas a pensar que a IA é o futuro, estão menos interessadas nas últimas inovações tecnológicas e não acreditam com tanta frequência que a IA fará parte da vida cotidiana. Elas também têm maior probabilidade de dizer que não entendem as decisões dos computadores.

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Metodologia

YouGov BrandIndex coleta dados sobre milhares de marcas todos os dias. A pontuação do Buzz das marcas de redes sociales é baseada na pergunta: "Nas ÚLTIMAS DUAS SEMANAS, de quais marcas on-line a seguir você ouviu algo POSITIVO/NEGATIVO (no noticiário, em anúncios ou em conversa com familiares ou amigos)?" e entregue como uma pontuação líquida entre –100 e + 100. A pontuação do Reputação é baseada na pergunta: "Imagine que você esteja procurando emprego (ou ajudando um amigo a procurar trabalho). Para quais das empresas abaixo você ESTARIA ORGULHOSO/TERIA VERGONHA de trabalhar?" e entregue como uma pontuação líquida entre –100 e + 100. A pontuação do Impressão é baseada na pergunta: "No geral, de quais marcas on-line a seguir você tem uma impressão POSITIVA/NEGATIVA" e entregue como uma pontuação líquida entre –100 e + 100. A pontuação do Cliente atual é baseada na pergunta: "Você visitou alguma das marcas on-line a seguir nos últimos 30 dias (em seu computador/laptop, tablet ou celular)?" e entregue como um percentual. As pontuações são baseadas em uma média de amostra diária de 2408 adultos Brasil entre 4 de junho e 4 de julho de 2024. Os números baseiam-se numa média móvel de quatro semanas. Saiba mais sobre BrandIndex.

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre Profiles.