3 de maio de 2023, Alejandro R. Chavez
(Este artigo foi ao ar originalmente em 18 de janeiro de 2023)
Nos últimos dois anos, o consumo de álcool no Brasil caiu substancialmente. De acordo com o YouGov Profiles, em janeiro de 2023, apenas 36% das pessoas no país declararam definitivamente consumir álcool. Em janeiro de 2022, o percentual era de 39%; e nesse mesmo período de 2021, o valor era de 41%. Isso sugere que o consumo de bebidas alcoólicas tem se tornado um nicho de mercado cada vez maior.
E o nicho é especialmente complicado, considerando que cada subgrupo de consumidores de álcool no Brasil tem costumes, gostos e atitudes muito específicos em relação a esse tipo de bebida, dependendo do grupo populacional a que pertencem. Por exemplo, cerca de três em cada 10 pessoas de 18 a 34 anos aceitam beber qualquer coisa que o resto do grupo esteja bebendo. Entre os adultos com 45 anos ou mais, apenas 20-21% concordaria em apenas seguir o fluxo, o que fala de preferências mais arraigadas entre os consumidores mais velhos.
Não é o único ponto em que jovens e idosos parecem ter atitudes opostas em relação ao consumo de álcool. Embora, em termos gerais, todos os consumidores no Brasil tendam a preferir cerveja a destilados, curiosamente há uma afinidade mais forte por tequila, rum e outras bebidas similares entre os adultos mais jovens: consumidores brasileiros com menos de 34 anos preferem quase duas vezes mais destilados do que cerveja, em comparação com consumidores com 45 anos ou mais (29%-31% vs 14%-19%).
A idade não é o único eixo populacional que afeta os costumes, gostos e preferências no consumo de álcool no Brasil. Há também diferenças importantes entre o público masculino e o feminino. Por exemplo, apenas 65% dos homens brasileiros concordam que o álcool não é necessário para se divertir, quando o percentual é de 72% entre as mulheres. Ambos os números representam uma diferença estatisticamente significativa em relação à média nacional de 69%.
Por isso, não deve surpreender que os homens brasileiros estejam mais dispostos a beber para se embriagar do que as mulheres: de acordo com o Profiles, quase um em cada cinco consumidores do país diz que bebe para se embriagar, em comparação com pouco mais de um décimo das mulheres brasileiras. Ambas as estatísticas revelam uma disposição mais clara da população masculina ao consumo intensivo de álcool no Brasil.
Deve-se notar que também existem algumas atitudes que são mais ou menos universais entre os consumidores brasileiros, independentemente de sua idade ou sexo. Por exemplo, cerca de metade da população que consome álcool no país afirma preferir fazê-lo em casa, não havendo diferenças substanciais entre homens e mulheres ou entre jovens e idosos. A única exceção são os consumidores entre 18 e 24 anos, que só gostam de beber em casa 36% das ocasiões.
Talvez, mais importante para as marcas de bebidas alcoólicas no país, praticamente todos os consumidores estão dispostos a pagar a mais por um produto de maior qualidade. 51% dos entrevistados no Brasil dizem que vale a pena gastar um pouco mais por um vinho ou uma cerveja de boa qualidade. A porcentagem é idêntica entre homens e mulheres, e difere apenas ligeiramente nas extremidades da escala de idade: enquanto 56% dos adultos com mais de 55 anos pagariam esse diferencial, menos de quatro em cada 10 jovens de 18 a 24 anos fariam o mesmo.
Essas estatísticas sugerem que, no nicho cada vez menor do consumo de álcool no Brasil, as marcas ainda têm muitas oportunidades de se posicionar. O brasileiro ainda possui muitas características específicas de gênero ou idade que abrem portas para estratégias de marketing altamente direcionadas; mas ainda mantém semelhanças suficientes para uma campanha mais geral.
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Metodologia
YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles