Brasil: Brasileiros estão menos interessados em cripto?

Brasil: Brasileiros estão menos interessados em cripto?

Alejandro R. Chavez - 23 de outubro de 2023

Atualização: Foi corrigido um dado no segundo parágrafo, que indicava a diferença incorreta entre os percentuais de 2022 e 2023.

Há algumas semanas, Sam Bankman-Fried, fundador da bolsa de criptomoedas FTX, está no meio de um julgamento em Nova York por uma suposta fraude que teria custado oito mil milhões de dólares (MDD) aos clientes da plataforma. O caso gerou muita incerteza em todo o ecossistema de criptomoedas e espera-se que tenha um efeito importante no Brasil: de acordo com o YouGov Global Profiles, até julho passado, permaneceu como um dos países com mais fé nesse setor.

Mas está claro que a confiança dos consumidores brasileiros no ecossistema de criptografia se deteriorou rapidamente nos últimos 12 meses. Em outubro do ano passado, de acordo com o YouGov Profiles, quase metade da população adulta do país (45%) disse que as criptomoedas eram o futuro das transações on-line. Mas esse número agora é de apenas 39,8%, uma queda de mais de cinco pontos percentuais em um único ano.

Ao mesmo tempo, os consumidores no Brasil também parecem mais céticos quanto à utilidade dos ativos em formato de cripto. Em outubro de 2022, apenas 39,4% da população pesquisada pela Profiles disse que as criptomoedas não eram confiáveis. Este ano, a porcentagem de brasileiros que concordam com essa afirmação é de pouco menos de 45%. De fato, parece que a confiança e o ceticismo em relação aos cripto-ativos tais como o Bitcoin se inverteram nos últimos 12 meses.

O que esses números parecem indicar é que os vários escândalos e falências que ocorreram no ecossistema de criptomoedas no ano passado afetaram substancialmente a confiança da população brasileira em geral no setor. No entanto, também é importante observar que os dados sugerem que mesmo os consumidores do país que permanecem "leais" às criptomoedas também parecem estar um pouco mais céticos em relação a esses ativos em comparação com o ano passado.

Por exemplo, os crentes em criptomoedas ("cripto-crentes") têm agora uma probabilidade ligeiramente maior de dizer que não se pode confiar nas criptomoedas do que em 2022 (36,1% vs. 42,4%, respectivamente). Eles também estão um pouco mais propensos a dizer que ativos como o Bitcoin são apenas uma moda passageira e muito mais propensos a admitir que não entendem muito bem o que está acontecendo no setor. Houve até mesmo uma disposição ligeiramente menor de mudar do uso de contas bancárias tradicionais, para utilizar exclusivamente as criptomoedas.

Do outro lado da moeda, há outras atitudes que não parecem ter mudado muito de um ano para o outro. Embora as criptomoedas permitam transações on-line, os "cripto-crentes" estão tão dispostos a continuar comprando on-line quanto antes. Eles também não parecem ter desenvolvido um hábito muito maior de se informar antes de fazer uma transação financeira, nem são muito menos incentivados a continuar correndo riscos com seu dinheiro.

No entanto, essa perda de fé entre os críticos brasileiros da cripto não foi suficiente para homogeneizar a opinião do público em geral sobre esses ativos. Mesmo agora, com a crise de confiança no setor, os amantes de criptomoedas ainda têm uma visão esmagadoramente positiva do Bitcoin e de plataformas semelhantes, em comparação com os adultos no Brasil que preferem ficar longe dessa tecnologia financeira.

Por exemplo, aponta o Profiles, os "crentes em criptomoedas", aqueles que acreditam que as criptomoedas são o futuro das transações on-line, ainda têm quase o dobro da probabilidade de dizer que estariam dispostos a fechar suas contas bancárias para usar apenas criptomoedas, em comparação com os "céticos em relação às criptomoedas", aqueles que acreditam que não se deve confiar na tecnologia. Os amantes desses ativos digitais ainda estão mais propensos a correr riscos com seu dinheiro e a se informar antes de tomar decisões de compra financeira.

Do outro lado da moeda, os "criptocéticos" são ainda mais propensos a dizer que não entendem de criptomoedas e que o Bitcoin e plataformas semelhantes são uma moda passageira. Por outro lado, ambos os grupos de brasileiros concordam, em uma frequência mais ou menos igual, que o banco on-line é uma tecnologia útil e que a população deve ser mais conscientizada sobre fraudes e golpes financeiros.

Nesse sentido, embora ainda existam lacunas claras no pensamento entre os diferentes grupos de amantes e opositores das criptomoedas, os pontos em comum entre os dois grupos também parecem estar se fortalecendo, pelo menos no que diz respeito a certos elementos específicos.

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Foto por Kanchanara

Metodologia

YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.