Latam: Os gostos dos turistas mudam com as ondas de calor?

Latam: Os gostos dos turistas mudam com as ondas de calor?

Alejandro R. Chavez - 19 de julho de 2023

As intensas ondas de calor registradas na região nos últimos meses levaram os consumidores europeus a reconsiderar quando e onde tirar as suas próximas férias. Mas a América Latina também passou por fenômenos climáticos incomuns, tanto no hemisfério Norte quanto no Sul. De acordo com o YouGov Destination Index, têm sido sim registradas algumas mudanças nas preferências de turismo dos consumidores da região, como ocorreu na Europa. Entretanto, essas tendências não parecem igualmente claras nos quatro países analisados pela plataforma: Brasil, Chile, Colômbia e México.

Brasil: Sem resposta clara do turismo aos fenômenos climáticos

Embora a região do Rio Grande do Sul estivesse entre as áreas afetadas por uma forte onda de calor registrada em fevereiro passado (no meio do verão para o hemisfério Sul), o DestinationIndex não mostra que os brasileiros tenham se desencantado com destinos ligados a fenômenos climáticos específicos. Os lugares que mais caíram em seu índice de consideração entre 15 de abril e 6 de julho foram Brasil, Nova York e Chile, com quedas de 7,2, 4,5 e 3,8 pontos, respectivamente.

Somente a queda de Nova York, que tem sido atormentada pelos efeitos colaterais dos fogos forestais massivos, pode estar relacionada à mudança climática. Mas o Chile, assim como a região Sul do Brasil, está localizado no hemisfério Sul do planeta. Ou seja, as últimas ondas de calor intensas que sofreu foram no final de 2022 e início de 2023; pelo que é improvável que tenham contribuído para a queda em sua pontuação de consideração entre os brasileiros nos últimos meses. Além disso, nenhum dos três destinos registra qualquer pico que sugira uma mudança repentina nas preferências do público.

Chile: Público reage, mas esquece rápido

Embora já estejamos no meio do inverno, o país sul-americano sofreu nos últimos meses com períodos de calor fora do comum para a temporada. Além disso, vários estudos locais têm confirmado que as ondas de calor se intensificaram no Chile nos últimos anos. Isso provavelmente fez com que as preferências de turismo de seus cidadãos mudassem de forma muito mais acentuada do que no Brasil. As classificações de Consideração da França, Alemanha e Itália (todas vítimas de temperaturas intensas) caíram de entre quase seis e até oito pontos desde meados de abril.

Essas quedas, as maiores entre os destinos estudados no Chile, mostram uma clara tendência de queda desde a última semana de abril, quando as ondas de calor se intensificaram na Europa. Ao mesmo tempo, porém, é importante mencionar que as classificações desses países já estão começando a se recuperar. Isso pode indicar que, apesar de uma forte reação inicial a esses eventos climáticos extremos no Chile, eles não representam uma mudança de longo prazo.

Colômbia: Ondas de calor afetam o baixo apetite turístico

Na Colômbia, desde maio falou-se de uma possível estação seca ligada ao fenômeno do El Niño, um cenário que contrastaria com os 22 meses anteriores de chuvas fortes registradas no país. Apesar dessa realidade, parece que os consumidores locais não mudaram radicalmente suas preferências de turismo como resultado de eventos climáticos extremos. Os destinos que mais caíram no país desde 15 de junho foram os Estados Unidos (-4,2), a Argentina (-2,9) e o Caribe (-2,5).

Todos esses países e regiões foram afetados de uma forma ou de outra nos últimos meses por temperaturas extremas: partes do sul dos Estados Unidos atingiriam os 52°C, em março se chegou a recordes de calor de 63 anos na Argentina, e no Caribe disparou-se o consumo elétrico. Porém, embora a tendência nesses destinos seja claramente de queda, a magnitude dos movimentos é mais limitada do que no caso chileno. No caso dos Estados Unidos, a tendência era até mesmo de aumento até recentemente. Por outro lado, não parece que os colombianos planejem reconsiderar o retorno a esses destinos devastados pelo calor tão cedo.

México: As preferências dos turistas também resistem às ondas de calor

Devido às suas características geográficas, as ondas de calor têm sido particularmente intensas em determinadas áreas do México, especificamente nos estados do Norte. Ao mesmo tempo, alguns estudos mostraram que a preocupação dos mexicanos com as mudanças climáticas vem caindo ao longo dos meses, mesmo com a intensificação das ondas de calor. Talvez por causa desse fenômeno, juntamente com o fato de que poucos países apresentam temperaturas mais altas do que o próprio país, a reação à mudança climática em termos de turismo também tenha sido limitada.

De acordo com o DestinationIndex, os destinos que perderam mais pontos em Consideração desde 15 de abril foram o Japão (que está lidando com o fenômeno do El Niño), Espanha (que poderia chegar aos 45°C nos próximos dias) e o Caribe, todos com quedas de menos de cinco pontos. A tendência também é claramente de queda, mas muito mais inconsistente do que a da Colômbia. Isso sugere que, em termos gerais, os mexicanos também não estão tomando decisões de turismo influenciadas principalmente por eventos climáticos extremos.

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Foto por Prasit photo

Metodologia

YouGov DestinationIndex coleta dados de centenas de destinos turísticos ao redor do mundo todos os dias. Os dados apresentados mostram pontuações do indicador Consideração, medidas a partir da pergunta "Se você estivesse planejando férias ou um dia divertido para você/sua família, quais destinos você consideraria?" e é mostrado como uma porcentagem. Os dados provêm de pesquisas realizadas entre 15 de abril e 6 de julho aplicadas em 382 adultos no Brasil, Chile, Colômbia e México com idade igual ou superior aos 18 anos. Os números são baseados numa média móvel de quatro semanas. Conheça mais sobre o DestinationIndex.