Latam: Há interesse no novo Vision Pro da Apple?

Durante a edição de 2023 de sua Worldwide Developers Conference (WWDC), a Apple revelou seu novo dispositivo de realidade aumentada (RA): Vision Pro. Os óculos, com um custo de 3.499 dólares (mais de 60.000 pesos mexicanos e quase 17.000 reais), estão sendo elogiados por alguns agentes como um "novo estágio na computação pessoal", enquanto outros duvidam que a tecnologia possa ter o mesmo apelo de massa que os smartwatches (como o Apple Watch) e os smartphones (como o iPhone) acabaram alcançando após o lançamento das suas primeiras versões caras.

Na América Latina, certamente, parece que a recepção do Vision Pro não foi tão excepcional quanto a Apple poderia desejar. Em dados do YouGov BrandIndex, a classificação do Buzz da marca liderada por Tim Cook permaneceu praticamente inalterada desde o final de maio entre a população em geral, tanto no México quanto no Brasil. Também não houve nenhum pico perceptível em 5 de junho, quando a Apple revelou o capacete de RA, seja relativo a tendências positiva ou negativa.

Mesmo entre os consumidores que deveriam estar animados com a apresentação de um conjunto de RA, a resposta não foi excepcional. No Brasil, entre os usuários que concordam que a Realidade Aumentada é útil por causa das suas aplicações na vida real, o Índice de Buzz da Apple mostrou apenas pequenos aumentos antes da WWDC. No México, essa pontuação piorou de forma consistente e notável entre os fãs de RA. Esses dados podem sugerir que o anúncio fez pouco (ou até piorou) a opinião dos consumidores sobre a marca na região.

Além de ser recebido com pouco entusiasmo, também parece que o anúncio do Vision Pro não está levando os consumidores latino-americanos a considerarem a compra de novos produtos da Apple. Também segundo dados do BrandIndex, semelhante ao caso do Buzz, a taxa de consideração da marca entre a população geral no México e no Brasil permaneceu praticamente inalterada desde o final de maio. Também não há uma reação clara ao anúncio nos dias imediatamente anteriores e posteriores ao lançamento do aparelho de AR da Apple.

Entre os fãs de Realidade Aumentada, no entanto, há um aumento visível na taxa de Consideração da Apple, especialmente no México (irônico, já que esses consumidores são os que parecem ter recebido a notícia do Vision Pro da pior forma). Isso sugere que, pelo menos na América Latina, a população em geral não está interessada em ouvir falar nem em comprar sistemas de RA da Apple. E entre os fãs da tecnologia na região, embora não haja muito o que discutir (provavelmente porque o anúncio é esperado há anos), há um interesse moderado em experimentar o dispositivo.

Os latino-americanos têm interesse na RA?

De modo geral, a Apple deve ter um terreno fértil na América Latina para o crescimento do seu Vision Pro e do mercado que planeja criar a partir dele, pelo menos em comparação com a média global. Quase metade dos consumidores da região, de acordo com o YouGov Global Profiles, dizem que as compras on-line devem ser mais divertidas com o uso da Realidade Aumentada, substancialmente mais do que os 37,2% da população global que pensam o mesmo. Além disso, esses consumidores reconhecem com mais frequência a utilidade de outras tecnologias inovadoras, como os alto-falantes inteligentes.

De fato, em comparação com a média global, eles são fortes defensores da tecnologia como uma ferramenta para resolver os maiores problemas da humanidade. E, de modo geral, eles não acreditam com a mesma frequência que outros consumidores que a tecnologia "vestível" é muito cara. Essas estatísticas mostram uma imagem de um grupo de consumidores na América Latina que deve ser atraído pela RA em geral e que pode até estar disposto a enfrentar os altos preços das primeiras versões do capacete da Apple.

Mas também há grandes dúvidas entre os consumidores da América Latina, o que provavelmente explica o baixo interesse imediato em um dispositivo como o Vision Pro. Apenas 28,7% das pessoas na região acreditam que são pioneiras na adoção, um número estatisticamente menor do que a média global de 29,4%. Além disso, quatro em cada dez latino-americanos acreditam que a Realidade Aumentada e a Realidade Virtual (RV) podem causar problemas de saúde, também uma porcentagem maior do que a média internacional.

Entretanto, o ponto mais importante a ser observado é que os latino-americanos são os mais incertos sobre o futuro da RA em escala global, especialmente no Brasil e na Colômbia. Essa é a região que mais frequentemente responde que não sabe se há aplicações práticas para essa tecnologia (ou para a RV) na vida real. Para seu crédito, a Apple pode dizer que o aparelho não enfrenta rejeição imediata na região. Mas se quiser construir um mercado nessa área, a empresa de tecnologia terá que provar, o quanto antes, qual é a proposta de valor de seu novo dispositivo.

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Foto por Justin Sullivan / Getty Images News

Metodologia

YouGov BrandIndex coleta dados sobre milhares de marcas todos os dias. As pontuações do Buzz da Apple se baseiam na pergunta: “Nas ÚLTIMAS DUAS SEMANAS, quais das seguintes marcas você ouviu algo POSITIVO/NEGATIVO (através do noticiário, anúncios, ou através de família ou amigos)?” e entregue como uma pontuação líquida entre -100 e +100. As pontuações do Consideração se baseiam na pergunta: “Se você está pensando em comprar ou se subscrever a serviços (por exemplo serviços anteriormente mencionados) de qual dos seguintes você consideraria comprar?” e entregue como uma porcentagem. As pontuações são baseadas em uma amostra média de 621 adultos no México e Brasil pesquisados ​​entre 30 de maio e 15 de junho de 2023. Os números são baseados em uma média móvel de 10 semanas. Saiba mais sobre o BrandIndex.

YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.