Frustração com streaming ainda não chegou aos consumidores brasileiros

Frustração com streaming ainda não chegou aos consumidores brasileiros

Alejandro R. Chavez - 3 de abril de 2023

(Este artigo foi ao ar originalmente em 20 de dezembro de 2022)

Em todo o mundo, a frustração com os serviços de streaming continua aumentando: muitos consumidores acham que os preços estão começando a ficar muito altos, que as iniciativas para impedir o compartilhamento de senhas são muito agressivas e que já existem alternativas demais no mercado. Mas muitas dessas preocupações parecem não se aplicar aos brasileiros.

De acordo com dados do Global Profiles da YouGov, mais da metade da população brasileira acredita estar em uma situação financeira mais forte do que no ano passado, significativamente superior à média global de 45% e acima de quase todos os percentuais médios regionais. Isso pode funcionar a favor dos serviços de streaming no curto prazo, já que as condições econômicas de 2022 levaram muitos mercados a cortar seus gastos com sites de vídeo sob demanda (VoD, pela sigla em inglês).

O mais interessante é que o Brasil se destaca entre países com situações econômicas, regionais e sociais semelhantes porque seu apetite por streaming continua forte. No país, mais de quatro em cada 10 consumidores acreditam que não possuem muitas assinaturas de conteúdo de streaming, como Spotify ou Netflix. Esse número está muito mais próximo de mercados como Estados Unidos e Europa (onde mais da metade do público diz não ter muitas assinaturas) do que da América Latina, Ásia, África e Oriente Médio.

Para os consumidores no Brasil, compartilhar senhas de serviços de streaming com outras pessoas também não é tão comum. O Global Profiles indica que apenas 33% dos consumidores do país concordam que é conveniente compartilhar a senha de sua plataforma VoD. Globalmente, 37% dos entrevistados do YouGov acreditam no mesmo.

No nível regional, os brasileiros também se destacam de seus vizinhos latino-americanos em seu posicionamento quanto à validade ou não do compartilhamento de senhas. Em média, 39% do público latino-americano acredita que as empresas de vídeo digital e música sob demanda não deveriam se importar se as pessoas compartilham suas senhas com outras pessoas ou não. Mas no Brasil, apenas 37% acreditam nisso.

Nesse sentido, não apenas parece que os brasileiros ainda têm um grande apetite por novos serviços de streaming, quando comparados a outras economias emergentes. O streaming teria um mercado muito mais aberto no Brasil às novas políticas para coibir o compartilhamento de senhas, já que a prática não é tão bem vista ou tão frequente quanto em outras partes do mundo.

Novas oportunidades de negócios para o streaming no Brasil

Embora o streaming pareça ter passe livre para implementar no Brasil iniciativas tão polêmicas em outros mercados, isso não significa que não haja espaço para inovar e apresentar novas ofertas comerciais pensadas especificamente para os consumidores locais.

É que o público do país também tem algumas preocupações e demandas muito particulares que podem se traduzir em novos planos de assinatura mais especializados. Por exemplo, apesar de seu apetite aparente para plataformas VoD, os consumidores brasileiros não passam muito tempo na TV. 71% dos entrevistados no Brasil gastam até 15 horas por semana exibindo conteúdo de streaming (aproximadamente duas horas por dia).

Em escala global, a porcentagem de consumidores que gastam até 15 horas por semana em streaming é de apenas 64%. Isso significa que o público brasileiro é mais esporádico em seu consumo de VoD do que o resto do mundo. Uma empresa que queira aumentar sua penetração neste mercado poderia, por exemplo, vender planos mais baratos com limites de consumo diário/semanal ou oferecer conteúdos mais curtos para esses públicos mais pontuais.

Também parece haver uma boa abertura para as assinaturas de grupo no Brasil, embora o compartilhamento de senhas não seja tão bem visto. Enquanto quase seis em cada 10 consumidores no Brasil dizem que os sites de VoD devem oferecer mais planos, em uma escala global o valor é de apenas 51%, abrindo outras oportunidades de monetização para plataformas de streaming.

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Foto por Ashley Byrd

Metodologia

YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e China, Egito, Hong Kong, Indonésia, Malásia, Marrocos, Filipinas, África do Sul, Taiwan, Tailândia, e Vietnã, que usam amostras representativas da população online. Saiba mais sobre Global Profiles.