Brasil: O que o público acha das câmeras da polícia?
17 de janeiro de 2024, Alejandro R. Chavez

Brasil: O que o público acha das câmeras da polícia?

Nos primeiros dias do ano, o Ministro da Justiça interino, Ricardo Capelli, anunciou que o Governo Federal divulgará diretrizes para o uso de câmeras corporais entre os membros da polícia. A questão está aberta para consulta pública desde o final de 2023 e tem gerado intenso debate sobre como ela pode ajudar a melhorar as políticas de segurança do atual governo. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou anteriormente que as câmeras não terão efeito sobre a segurança pública.

Mas o próprio Ministério da Justiça e Segurança Pública ressalta que o uso de câmeras corporais não visa apenas tornar o trabalho da polícia mais eficiente e eficaz. Entre os objetivos das diretrizes para o uso desse equipamento está a "promover a participação social". Esse é um objetivo crucial, pois as forças policiais são muito menos eficazes se não tiverem o apoio do público em geral. E há uma clara ligação entre uma boa comunicação entre a polícia e a comunidade e a confiança que os brasileiros têm nesses policiais.

De acordo com o YouGov Profiles, atualmente, 43,9% dos brasileiros em geral dizem confiar na polícia. No entanto, a porcentagem salta para 62% entre aqueles que acreditam que a polícia se comunica efetivamente com sua localidade. Por outro lado, entre os brasileiros que acreditam que a polícia não é hábil em interagir com os cidadãos, apenas 31,6% confiam nas forças de segurança.

O anterior sugere que, quanto mais e melhor puderem se comunicar a polícia e o público em geral , mais confiança os brasileiros terão nas autoridades. Isso é importante porque algumas mudanças preocupantes podem ser observadas na confiança que os brasileiros têm na polícia e na forma como se comunicam com ela. Como mencionado acima, hoje 43,9% dos brasileiros dizem confiar na polícia. O número é idêntico ao registrado em janeiro de 2023.

Entretanto, o relacionamento do público com as forças de segurança pública não permaneceu o mesmo em todos os segmentos da população. Entre os brasileiros com mais de 55 anos de idade, bem como entre os homens, observa-se uma queda estatisticamente significativa no nível de confiança em relação à polícia ano após ano. Em outros nichos do país, parece haver aumentos no nível de confiança em comparação com 2023, mas eles não são grandes o suficiente para serem estatisticamente significativos.

Ao mesmo tempo, este ano parece que uma tendência que está presente desde 2021 na comunicação entre a polícia e a comunidade pode ser revertida. Naquela época, de acordo com o Profiles, 40% da população disse que achava difícil falar com a polícia local. A porcentagem caiu para 38,8% em janeiro de 2022, e depois para 35,8% no mesmo mês do ano passado. Atualmente, porém, o número é de 36,9%, quebrando a tendência positiva dos últimos anos.

Isso é duplamente importante, já que o relacionamento dos brasileiros com a polícia, em comparação com a realidade internacional, não é particularmente forte. Em novembro do ano passado, de acordo com o YouGov Global Profiles, 43,3% dos consumidores no Brasil disseram que confiam em suas forças policiais. O número não é apenas substancial e estatisticamente menor do que a média global de 52%. Ele também está entre os mais baixos dos mercados analisados pela plataforma.

Dos 48 países incluídos no Global Profiles, o Brasil ocupa a 16ª posição entre as menores porcentagens de confiança na polícia. Entre os países com classificações piores que o Brasil estão a Romênia, a Bulgária, a Tailândia e o Líbano. No entanto, é importante observar que o percentual de 43,3% é ainda maior na América Latina, pois a Argentina, o México e a Colômbia têm percentuais de confiança em suas forças de segurança de apenas 32,6%, 32,7% e 35,4%, respectivamente.

Entretanto, é fundamental que as autoridades judiciais do país pensem em como fortalecer os laços entre a comunidade e a polícia. Políticas claras para o uso, acesso e revisão pública de materiais obtidos por meio de câmeras corporais da polícia poderiam ajudar a fortalecer esses canais de comunicação. E, nesse contexto, o objetivo do Ministério da Justiça de "promover a participação social" com o uso de câmeras corporais poderia levar a um Brasil mais seguro.

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Foto por Lucas Ninno

Metodologia

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.

YouGov Global Profiles é um banco de dados consistente globalmente com mais de 1.000 perguntas em 48 mercados. As informações são baseadas na coleta contínua de dados entre adultos maiores de 16 anos na China e maiores de 18 anos em outros mercados. Os tamanhos de amostra para YouGov Global Profiles flutuam ao longo do tempo, mas o tamanho mínimo de cada amostra é sempre de cerca de 1.000. Os dados para cada mercado usam amostras nacionalmente representativas fora da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que usam amostras representativas da população urbana, e