17 de julho de 2023, Alejandro R. Chavez
Em escala global, a medicina alternativa tornou-se um mercado consumidor valioso. De acordo com dados da Grand View Research, estima-se que o setor valha cerca de US$ 117,21 bilhões (MDD), ou 564,846 bilhões de reais, até 2022. Especificamente no Brasil, embora especialistas médicos tenham alertado sobre o perigo de algumas práticas e correntes de tratamentos alternativos, muitos tratamentos preventivos e terapêuticos tradicionais fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS) há anos.
A importância desse tipo de tratamento no Brasil é tão grande que a maioria da população tem uma visão favorável sobre ele. De acordo com dados do YouGov Profiles, 55% dos brasileiros afirmam ter a mente aberta em relação à homeopatia e à medicina alternativa em geral. Esse número excede em muito a porcentagem de consumidores no país que rejeitam diretamente essas práticas, equivalente a apenas 14,1% da população nacional.
Nem todos os segmentos da população dão o mesmo valor à medicina alternativa. Entre os brasileiros com menos de 24 anos, apenas um terço diz ter a mente aberta para esses tratamentos, enquanto sete em cada dez adultos com mais de 55 anos os vêem com bons olhos. Por gênero, as mulheres são estatisticamente mais propensas a acreditar na medicina alternativa do que os homens. E, por nível de renda, os entrevistados com ingressos mais altos são mais abertos à homeopatia e a disciplinas semelhantes.
A crença na medicina alternativa afeta outros comportamentos de saúde
O fato de ter a mente mais aberta a esses tratamentos está relacionado à abertura dos brasileiros a outras práticas e tendências de bem-estar. Isso é particularmente verdadeiro para os hábitos alimentares, especialmente aqueles que se tornaram populares nos últimos anos por meio da mídia social ou com estratégias de marketing de marcas mais focadas no estilo de vida fitness.
Em nível nacional, apenas três em cada dez brasileiros afirmam escolher versões saudáveis ou dietéticas de seus produtos favoritos. Mas entre os consumidores que dizem ter a mente aberta para a medicina alternativa, a porcentagem é de 36,6%, estatisticamente acima da média nacional. Os brasileiros que acreditam em homeopatia e afins também são muito mais propensos a concordar que os probióticos são úteis para o sistema imunológico (61,9%, contra 47,3% em nível nacional).
A abertura à medicina alternativa também está relacionada a certos hábitos alimentares no Brasil, de acordo com os dados do Profiles. Quatro em cada 10 brasileiros dizem que dietas sem carne tendem a ser mais saudáveis do que outras dietas, mais do que a média nacional. E, em comparação com apenas três em cada 10 entre o público em geral, 38,8% dos consumidores que não rejeitam a medicina alternativa dizem que estão dispostos a substituir o seu consumo de carne por produtos à base de plantas, como os vendidos por empresas similares à Beyond Meat.
A abertura para a medicina alternativa também parece estar relacionada a determinados comportamentos e atitudes dos brasileiros em relação à medicina tradicional. Entretanto, ao contrário do que se possa pensar, esses consumidores não estão menos motivados a consultar médicos especialistas nem se afastam das instituições de saúde estabelecidas. Pelo contrário, em comparação com a média nacional, eles parecem muito mais sérios e rigorosos sobre seus cuidados com o bem-estar e na sua confiança nos profissionais médicos.
Por exemplo, 70% dos brasileiros que têm a mente aberta em relação à medicina alternativa dizem que confiam na experiência e no conhecimento dos médicos tradicionais em questões relacionadas à sua saúde. Isso é estatisticamente maior do que um pouco mais da metade de todas as pessoas no Brasil que têm a mesma opinião. Além disso, 57,9% dos que acreditam na homeopatia e em disciplinas semelhantes dizem que só tomam medicamentos quando recomendados por um médico. Isso é maior do que a média nacional de 48,3%, o que mostra uma clara aversão à prática polêmica da automedicação.
Isso não significa que os brasileiros que acreditam na medicina alternativa simplesmente seguem e confiam cegamente nas recomendações dos médicos tradicionais. Os dados do Profiles sugerem que eles também têm uma atitude mais proativa em relação aos cuidados com a saúde. Em comparação com o consumidor brasileiro médio, esse nicho populacional é estatisticamente mais propenso a pesquisar sobre os tratamentos antes de discuti-los com seu médico, bem como a buscar a opinião de farmacêuticos mesmo ao comprar produtos de venda livre.
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Foto por Iryna Veklich
Metodologia
YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.