Indireta e diretamente, as crianças têm um enorme poder de compra em todo o mundo. Desde 2021 estima-se que pelo menos US$ 1,2 trilhão na economia global seja gasto em transações nas quais jovens com menos de 18 anos foram cruciais na decisão de compra. E, nos últimos anos, observou-se que as crianças em alguns países estão assumindo um papel muito mais agressivo nas compras dos pais, observando ativamente (por exemplo) se os alimentos que a família compra são saudáveis e pedindo para trocar de marca.
O Brasil não está alheio a esse fenômeno. Em dados do YouGov Profiles, 30,5% dos consumidores do país afirmam que, pelo menos às vezes, deixam seus filhos influenciarem suas decisões de compra. Esse número é estatisticamente maior entre as mulheres (31,2%) do que entre os homens (29,7%). Em comparação com a média nacional, as pessoas casadas, divorciadas e principalmente viúvas também têm maior probabilidade de deixar que seus filhos influenciem suas decisões de compra, mais do que outros nichos (37,6%, 34,5% e 41,3%, respectivamente).
É interessante notar que o número de filhos também parece ter uma relação direta com o quanto os brasileiros são influenciados nessas compras. Entre aqueles que têm apenas um filho morando com eles, 36,4% dizem que às vezes deixam os pequenos influenciarem suas decisões de compra. O número sobe para 40,9% entre os consumidores com dois filhos. No entanto, a porcentagem cai novamente e permanece em pouco mais de 38% entre os grupos de brasileiros com três ou mais filhos.
De modo geral, os brasileiros que são influenciados por seus filhos têm uma probabilidade estatisticamente maior do que a média da população geral de ter comprado quase todas as categorias de produtos nos últimos 12 meses. Por exemplo, 20% desses brasileiros compraram um dispositivo portátil (como smartwatches) no último ano, em comparação com apenas 15,4% da média nacional. A única exceção são os equipamentos esportivos: apenas 28,6% dos brasileiros que são influenciados por seus filhos compraram esses produtos nos últimos 12 meses, um número estatisticamente idêntico aos 27,9% da população geral que fizeram o mesmo.
Exatamente o mesmo caso ocorre na intenção de compra para o próximo ano: os brasileiros que são influenciados por seus filhos têm uma probabilidade substancialmente maior de comprar qualquer categoria de produto (com exceção de equipamentos esportivos) do que a média nacional. No entanto, essa diferença é muito mais notória em relação a produtos diretamente dirigidos a menores de idade ou para itens que são usados com mais frequência por crianças do que por adultos.
Por exemplo, 38,9% dos brasileiros que são influenciados por seus filhos dizem que planejam comprar brinquedos e jogos (incluindo jogos de vídeo e de tabuleiro) nos próximos 12 meses, 8,6% a mais do que a média nacional de 30,3%. Essa é a maior diferença entre todas as categorias de varejo pesquisadas pelo Profiles. Outra diferença notável está nos produtos para bebês: 13,9% das pessoas influenciadas por seus filhos comprarão esses produtos no próximo ano, 3,4% a mais do que os 10,5% dos consumidores em geral.
Além de serem compradores mais prolíficos do que a população em geral, os consumidores que são influenciados por seus filhos também prestam muita atenção a determinados canais de informação e estratégias de marketing ao tomar suas decisões de compra. Por exemplo, mais de um quarto desse grupo afirma que as mensagens patrocinadas por celebridades afetam o que eles compram, em comparação com apenas 16,5% da população em geral. Eles também são estatisticamente muito mais propensos a procurar avaliações on-line antes de fazer qualquer compra, em comparação com a média nacional.
Tanto os aspectos sociais quanto os digitais são muito importantes para os brasileiros que são influenciados por seus filhos. 63% desse grupo de consumidores dizem que gostam de pedir conselhos a pessoas próximas antes de fazer uma compra. Quase 64% dos brasileiros também afirmam que preferem fazer compras on-line antes de usar os canais tradicionais. Ambos os números são estatisticamente mais altos do que a média nacional de 54,1% e 55,4%, respectivamente.
Mas isso não significa que eles não sejam sensíveis a estratégias de marketing mais tradicionais: 44,2% dos brasileiros que são influenciados por seus filhos dizem que não resistem a embalagens estilosas, em comparação com apenas 31,9% da população em geral. E, talvez, o fato mais importante para as marcas que buscam conquistar novos mercados no Brasil por meio do relacionamento entre pais e filhos: seis em cada 10 desses consumidores dizem que tendem a comprar sempre das mesmas marcas que já experimentaram e gostaram, em comparação com apenas metade da população em geral.
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Foto por MoMo Productions
YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região. Saiba mais sobre o Profiles.